Resumo

A sociedade contemporânea caracteriza-se pelo imperativo do desempenho em suas ações. No momento em que o poder disciplinar deixa de ser protagonista para tomar a dianteira o poder smart (pautado não na imposição, mas na sedução e indução para agir), cria-se uma ilusão no que concerne a capacidade de se autogovernar do trabalhador. A sociedade, a partir disso, encontra-se na falsa ideia de liberdade e controle do tempo, adentrando-se, na verdade, em uma voluntária exploração, sem mais os limites do poder disciplinar, mas do estímulo constante do poder smart. Dessa maneira, o futebol contemporâneo mostra-se, uma vez que está dentro desta sociedade, de maneira semelhante. Há jogadores de desempenho em larga quantidade, ou seja, figuras que são convencidas (mas não obrigadas) a agir de maneira específica, (auto)explorando-se para atingir tal feito e não abrindo-se a imprevisibilidade do jogo. Dessa maneira, joga-se um futebol de obscenidade e não de eros: o estrito cumprimento de funções evocam uma transparência que a sociedade deseja, mas que no jogo não faz sentido, deixando, dessa maneira, de se jogar em plenitude.

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