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 A busca incessante de subsídios que venham a possibilitar a melhoria de aplicação de conceitos significativos em diversos âmbitos escolares, fez com que muitos autores encontrassem no jogo um instrumento valioso no processo ensino-aprendizagem.


 O jogo lúdico e o brinquedo infantil são elementos importantes para a educação. Porém, continuam sendo encarados como simples complementos educacionais.


 A função educacional objetiva que venha a eliminar o descaso e muitas vezes desconhecimento de seus elementos culturais, éticos, pedagógicos, sociais e até mesmo políticos que vistos de forma desordenada, o afastam do reconhecimento devido.
Nosso objetivo é evidencias a influência do jogo como mediador dialógico no processo ensino-aprendizagem, partindo do pressuposto de que o jogo por si só permite, pela riqueza de formas de expressão que possibilita, aos indivíduos interagir de forma completa e diversificada.


 Jogo e educação: realidade e experiências como instrumentos pedagógicos


 O JOGO. Conceituado por muitos autores de forma rica e diferenciada, possibilita ao indivíduo a capacidade de produzir ou transmitir conhecimentos oriundos de sua realidade e vivência, fazendo por conseguinte com que os envolvidos no processo de interação que o jogo apresenta acumulem conhecimentos diferenciados que concorrem com seu enriquecimento intelectual e cultural.


 Mas o jogo também traz consigo a capacidade de fazer os indivíduos buscarem a satisfação de seus anseios e de suas necessidades, o que transforma em instrumentos importante na busca por parte dos indivíduos de uma realização que emancipe de seus conflitos e dificuldades. Encontramos, com isso, na Teoria de Taylor e Curtis que estabelece: " O indivíduo joga para se libertar dos conflitos e satisfazer a razões próprias". o ponto inicial para esboçarmos nosso pensamento sobre a influência do jogo para o processo ensino-aprendizagem.


 Esse processo, tem como referencial a comunicação que muitas vezes ocorre com dificuldade pela falta de valorização das particularidades do principal elemento, o aluno, cujo respeito a sua realidade, vivências, características e anseios tornam-se exigências primordiais para o êxito dos educadores, porém nem sempre são encarados desta forma por estes, que menosprezam tais elementos em detrimento de estratégias que mecanizam e por conseguinte entravam o processo.


 Isto sem dúvida acaba ocorrendo graças a imposição de regras e conceitos pré-estabelecidos que afastam os pedagogos da possibilidade de ter autonomia e criatividade para atingir seus objetivos.


 Segundo Marina C. Moraes Dias (1996), "Infelizmente, nossas crianças, na maioria das escolas, recebem regras prontas não significações. Elas devem aceitá-las para se transforma num ‘bom adulto’ e o mesmo acontece com os professores." (p.59).
É a partir deste primeiro momento que podemos enfatizar que o jogo cria uma realidade alternativa onde a pluralidade de papéis cria novos significados e possibilidades, novas regras que transformem e superem as regras pré-estabelecidas pela sociedade.
Nelson Carvalho Marcellino (1990) observa esta versão transformadora relacionada ao jogo desta forma
"Torna-se importante destacar as possibilidades de criar e recriar cultura no jogo lúdico. O que permite a vivência de valores externos a ele. De forma crítica e criativa o jogo lúdico reproduz papéis sociais vividos no mundo exterior, denunciando assim, a realidade, da mesma forma, o jogo lúdico é uma vivência revolucionária". (p.149).


 Assim o jogo serve como um poderoso elemento que ressalta as diferenças sociais, culturais, políticas, econômicas que de forma direta ou indireta pode dificultar o processo ensino-aprendizagem.


 Mas mesmo com todos estes pereceres valorosos, que forma o jogo poderá influir de forma significativa para a melhoria do processo ensino-aprendizagem? Podemos responder esta questão de forma mais evidente que o próprio jogo nos permite escolher: no diálogo, na troca prazeirosa que o jogo lúdico proporciona aos praticantes de vivenciar com os outros novas formas de buscar o conhecimento.
Para Isabel Montandon (1992), este prazer em construir um diálogo através do jogo é visto desta forma:


 "O prazer que emenan do lúdico guarda em si o sentido de prazer pelo viver. O prazer em ver, contemplar, investigar, sentir, tocar, discutir, encontrar alternativas, viver com o outro, vibrar com as próprias vitórias e reconhecer a vitória do outro. Em suma, existe o prazer em viver intensamente as ações, o tempo e o espaço." (p.28).


 A partir desta valorização do prazer como elemento referencial para o diálogo no jogo. Este jogo passa a assumir a significatividade que lhe é de direito no âmbito educacional, pois é a partir destes pressupostos que podemos buscar as vivências, anseios, bem como a realidade do aluno como meio para alcançar o objetivo maior que é o de educar.


 Ao buscar formas de enfatizar os processos cognitivos, afastamo-nos do momento ideal para educar, que é a motivação.
Vygotsky (1998) observa também esta questão, e acrescentando que além desta ênfase em supervalorizar os processos cognitivos, ocorre o fato de se negligenciar tanto a motivação como parte do processo, como também as circunstâncias que norteiam a atividade, circunstâncias estas que diferenciam os indivíduos conforme sua realidade.


 Neste âmbito Vygotsky analisa o jogo lúdico, o brinquedo como reestruturador do significado, observando sua essência da seguinte forma: "É a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja entre as situações do pensamento e situações reais". (p.133).


 O jogo, desta forma, passa a ser fundamental como reestruturador da realidade em que estamos inserido e por conseguinte como fator de mediação no processo de interação como conhecimento. Isto é claro, através do diálogo, da troca, da comunicação entre os diversos elementos envolvidos no processo ensino-aprendizagem.


 Conclusão.


 O jogo deve ser utilizado como um importante mediador dialógico no processo de ensino-aprendizagem e isto ocorre exatamente graças ao sem número de possibilidades de interação que ele proporciona.


 A variedade de elementos culturais presentes no jogo faz com que este se transforme em um elemento educacional extremamente evidenciável no cotidiano das pessoas, o que o transforma num poderoso instrumento de divulgação de idéias e formação de comportamentos.


 Faz-se necessário portanto fazer uso do jogo como elemento básico de formação de conduta através da passagem de conhecimento educacional em sua prática.


 Para tanto, podemos fazer uso dos jogos tradicionais, como a bandeirinha, o jogo de taco, as brincadeiras de roda, os jogos de pegar, que estão desaparecendo aos poucos de nosso convívio, mas que sem falso saudosismo, ainda possuem importância significativa em nossas comunidades.


 A escola é o espaço ideal para servir como laboratório inicialmente e em um segundo momento como campo de atuação de profissionais que imbuídos das formas com as quais o jogo serve de mediador dialógico no ensino-aprendizagem fazendo com que nossas crianças possam não só aprender mas também construir e produzir cultura.

 Referências bibliográficas.

Coletivo de  autores. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo, Cortez, 1992.
Lapierre, André. A simbologia do movimento: Psicomotricidade e Educação. A. Lapierre e B. Aucountier. Porto Alegre, Artes Médicas, 1986.
Marcellino, Nelson Carvalho. Estudos do Lazer: Uma Introdução. Campinas, Autores Associados, 1996.
Revista Informação Pedagógica. No. 3. Rio de Janeiro, 1993.
Kishimoto, Tizuco Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação Física. São Paulo, Cortez, 1996.
Vayer Pierre. O Diálogo Corporal. São Paulo, Manole, 1984.
Vygotski, Lev Semenovich. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
Werneck Vera Rudge. O EU Educado: uma Teoria da Educação Fundamentada na Fenomenologia. Rio de Janeiro, Rio Fundo Editora, 1991.