Resumo

A formação de atletas depende de diversos fatores, dentre eles as atividades esportivas, as horas investidas e as influências sociais, destacando-se que as dimensões das atividades podem variar dentro de um continuum que vai desde o jogo livre e deliberado até a prática estruturada e deliberada de uma modalidade esportiva. Objetivo: Analisar a presença de elementos do jogo e da prática deliberada, na percepção das atletas de basquetebol feminino, ao longo de suas formações. Metodologia: O estudo de caso descritivo e qualitativo foi aprovado pelo CEPSH-UDESC. Participaram da investigação 31 atletas, de 11 a 18 anos, pertencentes às categorias mini (sub 12), mirim (sub13), infantil (sub14), infanto-juvenil (sub16) e juvenil (18 anos) de um clube catarinense. Os participantes e seus responsáveis assinaram termos de consentimento. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com cada atleta, a qual foi analisada a partir da técnica de análise de conteúdo (NVIVO). Resultados: Para as atletas de 11 e 12 anos se sobressaíram elementos do jogo deliberado (presença constante de jogos e pequenos jogos nos treinamentos sem ênfase em cobranças por desempenho, diversão, prática de esportes no tempo livre com colegas e familiares), enquanto as atletas com idade de 13 a 15 anos percebem uma diminuição de vivência destes fatores e um aumento considerável de elementos da prática deliberada (intensidade e quantidade de treinos, cobrança de resultados). Por sua vez, as atletas com 16 a 18 anos indicam a exclusividade de vivências de prática deliberada nesse período de formação (treinos excessivamente puxados e cansativos, dupla jornada de treinos). Conclusões: A iniciação esportiva tem permitido a percepção de vivências de jogo deliberado, o qual é substituído gradativamente pela prática deliberada a medida que as atletas avançam nas categorias de formação, tornando-se esta exclusiva quando as atletas se aproximam da categoria adulta.