O jogo na obra de guilles brougère – apontamentos críticos em torno da formação humana
Por Renata Vivi Cordeiro (Autor), Marcelo Pereira de Almeida Ferreira (Autor), Lucas da Silva Campos (Autor), Antonia Alana Viana (Autor), Jeferson Gustavo Nunes (Autor).
Em XX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Partimos das reflexões entabuladas em torno da crítica da centralidade do lúdico na formação humana, que traz em seu contexto a necessidade de aprofundar os estudos e investigações de autores importantes e centrais na formação de professores que tem no jogo, no lúdico e aproximações o objeto e conteúdo singular. É o caso das obras do pensador francês Gilles Brougère – em particular "Jogo e Educação” (BROUGÈRE, 1998) – na perspectiva dos supostos ontológicos que as sustentam, a partir da apropriação da lógica teórica e metodológica que estrutura o pensador, e do conjunto dos seus pressupostos filosóficos e sociológicos. Este processo é conduzido pela necessária compreensão crítica da obra deste pensador, justamente pela necessária obrigação teórica e filosófica de estabelecermos um “[...] esclarecimento teórico relativamente àquilo que é precisa fazer, [e] de um cuidado em permanência requerido no que diz respeito àquilo que se faz” (BARATA MOURA, 2009; p. 9), registrando, portanto, que se trata de um estudo concernente à grandeza e importância do autor e sua obra para o processo de formação de professores, em particular, da educação física. Objetivamos caracterizar a concepção de homem/humanidade e de formação humana no conjunto da obra de Gilles Brougère, Jogo e Educação (BROUGÈRE, 1998). Esta investigação se caracteriza como um estudo de ordem bibliográfica, a partir do marco teórico-metodológico materialista histórico dialético. Este justifica-se como "[...] o único capaz de me conduzir ao distanciamento da aparência e a aproximação e apropriação do real concreto" (FERREIRA, 2019, p. 25) na obra de Gilles Brougère. Se trata de aclarar o desenvolvimento (ontológico, teórico-metodológico, humanístico e formativo de sua obra, ou seja, a sua apropriação em seu processo de desenvolvimento. Enquanto instrumento de investigação, estabelecemos as leituras e marcações de categoria jogo/lúdico da obra Jogo e Educação de Gilles Brougère ((BROUGÈRE, 1998), estabelecemos as marcações das expressões diretas ou indiretas de indicação ontológica e, por fim, estabelecemos a análise destas marcações. A grandeza e importância da obra de Guilles Brougère e suas contribuições não estão sendo colocadas em questão ao entabularmos um estudo que permita sua crítica (como o exercício filosófico de ver bem). Muito pelo contrário, é justamente por se tratar de importante pensador em torno da relação do jogo/lúdico e as relações humanas, que traduzi-lo mais do que interpreta-lo se faz necessário. Os elementos aqui tratados nos permitem afirmar que, em que pese sua maior atenção e cuidado para com as relações reais da humanidade (ao pensar, por exemplo, a função social do jogo), ainda aqui se expressão uma defesa idealista do jogo e, portanto, uma manifestação idealista do ponto de vista ontológico, que desconsidera o ser humano (os sujeitos que não determinam as regras/sistema do jogo em que estão envolvidos) e, portanto uma ideia de jogo que determina sujeito que joga e não o sujeito, em suas determinações reais, que determina aquele.