Resumo

Partimos das reflexões entabuladas em torno da crítica da centralidade do lúdico na formação humana, que traz em seu contexto a necessidade de aprofundar os estudos e investigações de autores importantes e centrais na formação de professores que tem no jogo, no lúdico e aproximações o objeto e conteúdo singular. É o caso das obras do pensador francês Gilles Brougère – em particular "Jogo e Educação” (BROUGÈRE, 1998) – na perspectiva dos supostos ontológicos que as sustentam, a partir da apropriação da lógica teórica e metodológica que estrutura o pensador, e do conjunto dos seus pressupostos filosóficos e sociológicos. Este processo é conduzido pela necessária compreensão crítica da obra deste pensador, justamente pela necessária obrigação teórica e filosófica de estabelecermos um “[...] esclarecimento teórico relativamente àquilo que é precisa fazer, [e] de um cuidado em permanência requerido no que diz respeito àquilo que se faz” (BARATA MOURA, 2009; p. 9), registrando, portanto, que se trata de um estudo concernente à grandeza e importância do autor e sua obra para o processo de formação de professores, em particular, da educação física. Objetivamos caracterizar a concepção de homem/humanidade e de formação humana no conjunto da obra de Gilles Brougère, Jogo e Educação (BROUGÈRE, 1998). Esta investigação se caracteriza como um estudo de ordem bibliográfica, a partir do marco teórico-metodológico materialista histórico dialético. Este justifica-se como "[...] o único capaz de me conduzir ao distanciamento da aparência e a aproximação e apropriação do real concreto" (FERREIRA, 2019, p. 25) na obra de Gilles Brougère. Se trata de aclarar o desenvolvimento (ontológico, teórico-metodológico, humanístico e formativo de sua obra, ou seja, a sua apropriação em seu processo de desenvolvimento. Enquanto instrumento de investigação, estabelecemos as leituras e marcações de categoria jogo/lúdico da obra Jogo e Educação de Gilles Brougère ((BROUGÈRE, 1998), estabelecemos as marcações das expressões diretas ou indiretas de indicação ontológica e, por fim, estabelecemos a análise destas marcações. A grandeza e importância da obra de Guilles Brougère e suas contribuições não estão sendo colocadas em questão ao entabularmos um estudo que permita sua crítica (como o exercício filosófico de ver bem). Muito pelo contrário, é justamente por se tratar de importante pensador em torno da relação do jogo/lúdico e as relações humanas, que traduzi-lo mais do que interpreta-lo se faz necessário. Os elementos aqui tratados nos permitem afirmar que, em que pese sua maior atenção e cuidado para com as relações reais da humanidade (ao pensar, por exemplo, a função social do jogo), ainda aqui se expressão uma defesa idealista do jogo e, portanto, uma manifestação idealista do ponto de vista ontológico, que desconsidera o ser humano (os sujeitos que não determinam as regras/sistema do jogo em que estão envolvidos) e, portanto uma ideia de jogo que determina sujeito que joga e não o sujeito, em suas determinações reais, que determina aquele.