Resumo

A gênese do Karate ou Karate-Do é imprecisa, visto que existem registros históricos que remontam ao Extremo Oriente, com mais efervescência na Ilha de Okinawa (Japão). Um dos seus principais meios de popularização ocorreu a partir do campo cinematográfico, o que abriu espaço também para o aparecimento de estereótipos ainda difundidos. Tendo em vista tais questões, percebe-se a necessidade de se acessar rituais, tradições e significados no Karate pelo olhar dos próprios praticantes. Assim, o objetivo geral deste trabalho é compreender os rituais, as tradições e os significados no Karate a partir da percepção de mestres e alunos. Os objetivos específicos são: i) descrever os rituais, identificando intencionalidades que são próprias do Karate, bem como possíveis diálogos entre os karatecas e o ambiente de prática; ii) apontar tradições e analisar esforços dos praticantes de resgatar e/ou preservar elementos do passado; iii) descrever significados de elementos materiais e simbólicos do Karate. A pesquisa se realizou a partir de revisão bibliográfica, estudo teórico e entrevistas com praticantes experientes de Karate. O trabalho considerou como uma importante referência para este tema o aporte teórico do campo da fenomenologia. Os depoimentos de mestres e alunos entrevistados trouxeram ricas contribuições para o estudo, a partir de elementos em destaque nas narrativas dos depoentes. Os significados atribuídos à prática em destaque nesta investigação estão associados ao dogi, ao dojo, aos lemas, rituais, relação mestre-discípulo, a figura do karateca e questões relacionadas aos conceitos de Karate tradicional e Karate esportivo. Foi possível identificar três momentos importantes na prática do Karate: antes, durante e depois das sessões de treinamento. Considera-se preponderante o discurso de que o Karate é uma prática marcial ou esportiva que extrapola sua influência para além dos limites do Dojo, na medida em que os praticantes relataram experiências que ultrapassam os momentos de prática, associadas a noção de superação, autorrealização e autoconhecimento. Neste contexto, compreende-se que, em meio aos processos ensino-aprendizagem desenvolvidos durante a prática do Karate, o karateca interage e aprende com o outro, com o mundo e consigo mesmo

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