Resumo

O trabalho em saúde mental, muitas das vezes, não produz resultados rápidos, especialmente quando ao se considerar que o usuário de 46 anos tem 30 anos
de internação em hospitais psiquiátricos. Faz-se comum a postura do usuário como objeto do desejo do Outro (enfermeiros, médicos, técnicos em geral, fa mília), sendo-lhe estranho qualquer ato seu que exija uma posição desejante e autônoma. Assim, apresentam-se, neste trabalho, resultados subjetivos: a bus ca do que agrada ao usuário, a verbalização deste sobre o que é satisfatório ou não, maior contato visual e, fora do hospital, o usuário já não necessita tanto de sua “capa” (mãos sobre o rosto). Conclui-se que as atividades de lazer utilizadas ao partirem do histórico ocupacional do usuário foram-lhe mais convidativas, aumentando a possibilidade de seu engajamento nelas. De forma lúdica, a partir da interação “informal proporcionada pelo lazer, o usuário pôde se abrir um pouco mais e movimentar-se mais em direção a ser um sujeito, usuário de um serviço e de uma cidade, parte de uma sociedade. Assim, o lazer no processo de desinstitucionalização mostrou-se um recurso importante na construção de vida no território para este usuário há tanto tempo internado, além de contribuir com sua transição de interno a morador de uma cidade.
 

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