Resumo

A literatura apresenta diferentes debates sobre a educação física (EF) no campo da saúde pública brasileira, no entanto, ainda são poucas as discussões a respeito da saúde mental, sendo que as publicações nacionais se concentram nas regiões Sul e Centro-Oeste do país, enquanto há uma lacuna sobre a região Sudeste. Os objetivos desta pesquisa foram investigar qual é o lugar da EF nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no município do Rio de Janeiro, e, identificar o papel do professor neste campo. Optou-se pela combinação dos métodos quantitativos e qualitativos de pesquisa, de acordo com Minayo (2014). Foram realizadas análises de bancos de dados públicos do Ministério da Saúde (nov. 2018 - jan. 2019) e Ministério da Educação (mai. 2019), além de entrevistas semiestruturadas com gestores (n = 25) e professores (n = 4) dos CAPS, com posterior análise dos discursos (ORLANDI, 2005). Sobre a inserção de profissionais de EF nos CAPS encontrou-se uma distribuição irregular significativa (p < 0,05) entre os estados brasileiros. Identificou-se que a formação acadêmica em EF no estado do Rio de Janeiro não apresenta relevância sobre o tema da saúde mental nos currículos dos cursos de graduação, pós-graduação ou vagas em residências multiprofissionais em saúde mental. Os discursos analisados apontaram como pontos de concordância a formação incipiente em EF para o desenvolvimento do trabalho em saúde mental e os estigmas culturais associados à atuação do profissional de EF na sociedade. Compreende-se, desta forma, que o lugar da EF na saúde mental do município do Rio de Janeiro ainda se encontra em processo de construção de legitimidade.

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