Resumo

A presente pesquisa analisa como as relações de gênero interferem na participação de alunas em aulas de Educação Física, em uma realidade local. Para tanto, foi necessário problematizar relações de gênero na Educação Física escolar, com base em conceito, currículo e dimensões culturais; identificar como alunas percebem e avaliam a sua participação em aulas de Educação Física; compreender os obstáculos que interferem na participação de alunas em aulas de Educação Física; e avaliar como as relações de gênero trazem implicações ao processo pedagógico. A pesquisa ocorreu com alunas e alunos da 3ª série do ensino médio do Colégio Estadual de Brumado, pertencente à rede estadual de ensino da cidade de Brumado, no Estado da Bahia. O estudo, de caráter descritivo, contou com a participação de 25 alunas e 25 alunos da realidade investigada, as quais contribuíram com entrevista e/ou com respostas ao questionário de múltipla escolha socioeconômico e étnico-cultural. Os resultados encontrados indicam obstáculos e limites que interferem na participação das alunas em aulas de Educação Física, como o machismo, a força física, a generificação das práticas corporais, a compreensão do desempenho escolar na ótica masculina, a naturalização e normatização de comportamentos e atitudes, a influência da família e seus discursos essencialistas, bem como a naturalização de habilidades como femininas e masculinas. Com isso, a pesquisa revela a necessidade de se estabelecer novas relações de gênero no espaço escolar, (re)significar práticas pedagógicas, diversificar formas e modos de abordar certos conteúdos na escola, reavaliar o processo de ensino e aprendizagem, problematizar as relações de poder, respeitar as diferenças e os diferentes, diversificar o currículo e construir práticas democráticas como possibilidade pedagógica. Por fim, a referida investigação almeja estabelecer diálogos e abrir possibilidades futuras para o debate na escola e no campo acadêmico. Por esse caminho, talvez seja possível intervir na ação docente e nas práticas educativas de modo a mediar processos de participação inclusivos, cooperativos e democráticos entre alunas e alunos, nas aulas de Educação Física, transformando a escola em um lugar de todas e todos.

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