Resumo

Este artigo discute a atuação do mestre baiano Artur Emídio de Oliveira, na década de 1950, como “intelectual mediador” em defesa da capoeira como “luta nacional” e em meio a um contexto de construção de uma nova “representação” para a capoeiragem. A partir de sua atuação é possível perceber o protagonismo dos próprios capoeiras, que além de intervirem no campo da discussão teórica, presente nos jornais e pioneiramente na TV, incorporaram a defesa da capoeiragem enquanto “luta nacional” no campo prático, ao confrontarem outras lutas nos ringues. Deste modo, constatamos que a presença do mestre Artur Emídio neste período no Rio de Janeiro, então capital federal e centro cultural e político do país, realçando  e representando a capoeira nos ringues e na mídia impressa e televisiva foi fundamental para a preservação e expansão desta prática.

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