O Modelo Ecológico na Sala de Aula

Parte de Os estilos de ensino em educação física entre a teoria e a prática . páginas 18 - 22

Resumo

As limitações inerentes à investigação processo-produto explanadas no capítulo anterior conduziram a uma progressiva valorização dos fatores mediadores e ecológicos. Desta forma, a investigação começou a centrar-se na relação entre o pensamento e as ações dos professores e alunos. Paralelamente, foi valorizada a relação entre as dimensões comportamental e cognitiva no ensino e na aprendizagem, bem como a natureza do contexto. Procurou-se, desta forma, uma compreensão ecológica das determinantes da qualidade do ensino. Nesta linha de análise, Doyle (2006), suportando-se em Barker (1968) e Bronfenbrenner (2005) dois investigadores centrais na concetualização da psicologia ecológica, propõe o Modelo Ecológico da gestão da aula, de modo a conciliar as dimensões académica e social. De acordo com este modelo, a aula é estudada como um habitat e o processo de ensino e aprendizagem é concebido como um sistema dinâmico, imprevisível e aberto. A eficácia do ensino e da aprendizagem é garantida através de um equilíbrio dinâmico ótimo entre os três sistemas de tarefas que compõem o Modelo Ecológico. Estes três sistemas de tarefas são: (a) o sistema de tarefas de gestão, (b) o sistema de tarefas de instrução, e (c) o sistema social dos alunos. O sistema de tarefas de gestão, apesar de não estar diretamente associado à aprendizagem dos conteúdos da aula, reporta-se a aspetos organizacionais e comportamentais que são necessários para que alunos e professores interajam. Importa ainda destacar que este sistema de tarefas é orientado pelo professor e comunicado explicitamente aos alunos. Quando nos reportamos a tarefas de gestão englobamos atividades como a gestão de grupos, a gestão de espaços e materiais, e a gestão de regras de funcionamento na aula, entre outros.