Resumo

Tratar de um livro como Veneno remédio: o futebol e o Brasil, de José Miguel Wisnik, é um desafio delicado, por duas razões principais. Em primeiro lugar, pelo seu escopo: Veneno remédio é uma obra poderosa que se abre para a história das interpretações do Brasil e, portanto, para a história das ciências sociais e da crítica literária e cultural no país no século XX. É contra tal horizonte que Wisnik arma suas hipóteses, que se revelam especialmente ao final, quando é postulada sua convergência em relação às teses formadoras dos grandes ensaios de 1930, notadamente de Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. Aí surge o primeiro desafio lançado ao leitor, já que em Veneno remédio o futebol é uma espécie de matriz hermenêutica fundamental. Em outras palavras, o futebol não é apenas o futebol: ele é o signo de outra coisa. Ou, antes, por ser fecundo como é, ele dispara outros signos, que são capazes de interrogar-se a si mesmos, mergulhando o leitor na batalha dos signos, que é, a rigor, a significação do Brasil – eis aí o tema por excelência dos grandes ensaios de interpretação nacional

Acessar Arquivo