O neoliberalismo ainda mais tosco no futebol
Integra
O futebol teatraliza as relações sociais com seus dramas, dilemas, preconceitos e concepções ideológicas. É o teatro da vida. Mas, como no teatro depende da visão de quem escreve a peça e de quem dirige, sem falar nos atores.
Que o neoliberalismo causa estragos por onde passa, passou e continua passando, já é bastante sabido. E no futebol não é diferente. Desde seu nascimento no círculo de Viena até a experiência prática, em 1973, com o golpe militar no Chile e o assassinato brutal de Salvador Allende, o neoliberalismo ali em Santiago serviu como espécie de carro abre-alas para o que viria depois - tudo que está ruim pode piorar. Margaret Thatcher e Ronald Reagan assim como o Deus Hades da mitologia grega - que Zeus me perdoe - parecem ter saído do submundo para serem os maiores expoentes da aplicação do liberalismo sem vergonha e sem humanismos. Tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra os trabalhadores foram os alvos preferências da maldade e os ricos das bondades. Como proteção aos ricos a missão de garantir seus aumentos de ganhos econômicos como meta, os neoliberais abandonam qualquer noção de certo, errado, ética ou moral.
Vale sempre lembrar que a pandemia de Covid mostrou que os nomeados mercados não têm capacidade para enfrentar os desafios do século 21 e tampouco oferecer qualquer senso de proteção à própria existência humana.
Vejamos o caso dos gramados para a prática do futebol profissional no Brasil. Um país que tornou-se referência mundial no esporte mais popular do Planeta, está abrindo mão do que há de mais sagrado no futebol: o gramado natural. No basquetebol, por exemplo, atletas profissionais sequer aquecem em ginásios em que o piso não seja de madeira, os famosos tacos. Mas no futebol brasileiro, país de clima favorável aos gramados naturais, por razões econômica - economizar despesas - resolveram colocar tapetes de plástico no lugar dos lindos granados. O neoliberalismo é acima de tudo, a negação da regionalidade e do espírito das luzes que nasceram na Grécia e retornaram com o renascimento científico. O neoliberalismo é o mal a ser derrotado.