Resumo

As ações realizadas pelas Polícias Militares nas questões de segurança pública e combate à violência, cada vez mais exigidas devido às novas e crescentes demandas da sociedade moderna, impõem a seus profissionais exigências físicas e psicológicas específicas, que via de regra não são experimentadas pela população em geral. Nesse contexto, fatores como o convívio com a violência, o frequente risco de morte, a carga e as condições de trabalho, além do elevado nível de estresse motivado pela missão fazem parte do dia-a-dia do Policial Militar, o que torna esse público um dos segmentos mais vulneráveis no exercício de sua profissão.

OBJETIVO: Avaliar os efeitos dos níveis de estresse na qualidade dos disparos de arma de fogo efetuados por policiais militares.

MÉTODOS: Participaram voluntariamente do estudo Alunos Oficiais do 3º Ano (n = 26) lotados na Academia da Polícia Militar do Espírito Santo. O nível de estresse foi aferido através do Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp (ISSL). Os voluntários foram classificados em dois grupos, sendo com (CE, n = 11) e sem (SE, n = 13) sintomas de estresse. Os disparos de arma de fogo ocorreram por ocasião da aplicação da avaliação da pista básica do Tiro Defensivo na Preservação da Vida - Método Giraldi, com disparos em alvo fixo a distância de 5 metros, sendo avaliado o tempo para execução dos disparos (T), a pontuação total (P) e a performance dos disparos (P/T). A força de preensão manual nas mãos dominante (MD), não dominante (MnD) e em posição de disparo (PD) foram avaliadas utilizando instrumento handgrip. Os dados são apresentados em média ± desvio padrão, com as comparações entre os militares realizadas pelo Teste T de Student e pelo teste de Mann-Whitney, ambos utilizando o software Jamovi com nível de significância de p < 0,05.

RESULTADOS: A idade média dos participantes foi de 31.13 ± 2.49 anos, com tempo de serviço médio de 7.71 ± 3.75 anos e índice de massa corporal média de 25.58 ± 2.45 kg/m². Não foram identificadas diferenças (p > 0.05) entre os grupos quanto às variáveis T (CE: 63.45 ± 9.09, SE: 65.69 ± 9.09), P (CE: 9.36 ± 1.03, SE: 9.38 ± 1.04), P/T (CE: 7.47 ± 1.11, SE: 7.25 ± 1.14), MD (CE: 35.66 ± 8.29, SE: 38.54 ± 6.88) e MnD (CE: 34.19 ± 6.48, SE: 37.39 ± 8.56). Diferenças (p < 0.05) foram identificadas entre os grupos quanto ao parâmetro PD (CE: 39.96 ± 10.40, SE: 47.06 ± 8.57).

CONCLUSÃO: A presença de sintomas de estresse em militares não interferiu na qualidade do disparo de arma de fogo, mesmo quando apresentadas diferenças na força de preensão manual.

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