Resumo
A definição e caracterização de um campo de atuação profissional são determinadas por diversos fatores que, por sua heterogeneidade e complexidade dificultam o exame e a análise do processo de geração das definições essenciais e da direção predominante da atuação nesse campo. Da mesma forma a identificação da área ou das áreas de conhecimento relacionadas ao campo de atuação profissional de interesse é problemática tanto pela diversidade taxonômica que agrupa e subdivide essas áreas, como pela ausência de uma explicitação consensual que diferencie "campo de atuação profissional" e "área de conhecimento" e caracterize adequadamente o objeto de cada um. Trabalhar em um campo profissional exige uma visão clara sobre o objeto de intervenção desse campo. Na área da Saúde e nos campos profissionais relacionados a ela, não há, ainda, clareza suficiente a respeito desses aspectos, o que faz com que a atenção maior dos campos profissionais seja dada a determinados valores (as "doenças") desses objetos, obscurecendo a totalidade deles. No campo da Fisioterapia o problema parece acentuar-se na medida em que há uma absoluta atenção ao fenômeno doença, dirigindo a totalidade da atenção profissional para as diferentes modalidades de "terapia". Foi feito um exame das condições de gênese da profissão, da legislação que criou e que regulamenta a profissão no país, do currículo de graduação, dos planos e programas de ensino das disciplinas dos cursos de formação profissional do país e das informações disponíveis, produzidas por diferentes áreas de conhecimento. Tal exame permitiu: a) identificar variáveis determinantes dos problemas com as concepções sobre o objeto de intervenção da profissão e dos objetos de estudo das áreas relacionadas a ele; b) analisar a situação atual da Fisioterapia no país em relação à sua função social; c) delinear uma proposta de como poderia ou deveria ser concebido o objeto de intervenção, no sentido de propiciar uma atuação profissional socialmente relevante e d) propor classes de comportamentos que os profissionais, professores e pesquisadores poderiam ou deveriam apresentar em relação a cada um dos níveis de atuação que permitem interferir com as características da profissão no ensino, na pesquisa, na própria concepção de objeto de interesse da profissão e nas formas de atuação atualmente predominantes.