Resumo

Esportes coletivos de cooperação-oposição são configurados por contextos situacionais dinâmicos que exigem do atleta capacidade para resolver problemas complexos que incluem vários elementos. A tomada de decisão demandada neste processo caracteriza o desempenho tático e, de acordo com estudos sobre a expertise esportiva, conhecimentos representados na memória parecem ser críticos para sua eficácia. A principal contribuição desta tese é elucidar a relevância da diferenciação da representação mental da tática ao longo do desenvolvimento esportivo de um atleta. Um experimento foi realizado com 33 atletas de futebol de Botsuana (África) analisando a organização da representação mental da tática em função do nível de competição em que participam e do tempo de experiência. Os resultados demonstraram que os atletas que representam a elite nacional possuem a representação mental da tática menos organizada em comparação com atletas de um grupo não elite. Entretanto, atletas com mais de 7 anos de experiência explicitaram uma melhor organização representacional da tática em comparação com atletas com menos tempo de experiência. Outro aporte desta tese está relacionado à escassez de estudos sobre a expertise enfocando o desempenho tático e a necessidade de compor-se um esquema teórico empiricamente sustentado que possibilite aumentar o controle do desenvolvimento da expertise tática. Um modelo funcional de análise foi proposto considerando a relação entre o uso de processos autorregulatórios, a organização da representação mental da tática e a qualidade da performance tática. Um segundo experimento foi implementado com 13 atletas de futebol da categoria sub-15 de um clube uruguaio, no qual se aplicou um delineamento com um grupo experimental e outro controle e avaliações pré e pós-teste. Comparações avaliaram o efeito de um programa de treinamento em processos autorregulatórios enfocado nas ações táticas sobre a representação mental da tática e a relação entre o nível de organização da representação mental da tática e a performance tática. O grupo experimental apresentou melhora na organização representacional da tática no pós-teste, exibindo clusters mais funcionais de situações táticas ofensivas e defensivas em comparação com o grupo controle. A performance tática, entretanto, não apresentou diferenças significativas quando comparados os grupos com pouca ou nenhuma organização funcional na representação mental dos conceitos táticos. Este resultado pode estar associado ao pequeno número de sujeitos e à pequena diferença nos níveis de representação mental entre os grupos, apontando para a necessidade de mais investigações nessa área. Sugere-se que futuras pesquisas se concentrem no aperfeiçoamento da metodologia proposta neste estudo

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