O papel das comunidades de prática na formação da identidade profissional do treinador de desporto
Por Isabel Mesquita (Autor).
Parte de JOGOS DESPORTIVOS: formação e investigação . páginas 287 - 318
Resumo
Recentemente, a investigação na área da formação de treinadores tem vindo a realçar o valor da aprendizagem nos contextos reais de atividade profissional, decorrente de experiências interativas e reflexivas. Esta perspectiva de formação apela à necessidade dos treinadores (re)pensarem as suas concepções e crenças, refletirem sobre as suas experiências e as dos outros, em suma, implicarem-se ativa e deliberadamente na aprendizagem de novos saberes e competências, fator imprescindível de uma formação orientada para a autonomia e a inovação. Contrariamente, os programas de formação de treinadores, regra geral à escala mundial, teimam em adotar perspectivas tecnicistas e reprodutoras, assentes em paradigmas positivistas, nos quais os saberes são transmitidos como “receitas únicas e infalíveis”, onde o ativismo prático ganha espaço central, porquanto a aplicação dos conhecimentos assenta sobretudo na reprodução, sem espaço para a reflexão, a inovação e, concomitantemente, para a autonomia de pensamento. Atendendo à natureza complexa e dinâmica dos contextos e circunstâncias em que se desenvolve a atividade do treinador de desporto, urge despoletar uma mudança de paradigma na formação de treinadores, a qual se consubstancia no transitar de perspectivas de ensino comportamentalistas para construtivistas, de forma a tornar possível ao treinador, no momento da sua formação inicial, a aquisição de competências profissionais compatíveis com as exigências do exercício profissional.