Resumo

Conhecer as implicações da escolarização e dos mediadores externos no processo de memória de crianças portadoras de deficiência mental, foi o objetivo desta pesquisa. O referencial teórico foi baseado nos pressupostos de Vigotski. Crianças portadoras de deficiência mental, de 7 a 14 anos, de diferentes níveis de escolarização da Escola Especial Antonio Francisco Lisboa, da cidade de Santa Maria, RS, constituíram a amostra. Jogar um videojogo num computador, foi a tarefa proposta e executada individualmente pelas crianças. Procurou-se evitar quaisquer restrições e perguntas e ao uso do equipamento. A análise do processo de memória de crianças portadoras de deficiência mental foi realizada em dois momentos: o primeiro constituiu-se da análise quantitativa dos escores de desempenho obtidos pelos Ss no videojogo; o segundo foi através de uma análise qualitativa. Nesta foram utilizadas: a) as oralizações do Ss e da pesquisadora; b) as expressões faciais e corporais do Ss; e, c) as formas por eles usada na execução do videojogo. Pela análise quantitativa concluiu-se que os maiores níveis de escolarização corresponderam os melhores escores de desempenho no videojogo. Pela análise qualitativa, constatou-se que os Ss com níveis inferiores de escolarização tinham suas ações guiadas pelas características físicas imediatamente observadas do jogo. Esta ação não exibia qualquer forma de planejamento, diferindo do que acontecia com os Ss do nível superior de escolarização. As impressões imediatas (características físicas) já não mais dirigiam suas ações. Quanto aos mediadores externos, as duas análises nos permitem estabelecer que eles não foram usados para ampliar a capacidade de memória da criança portadora de deficiência mental. A hipótese que os mediadores externos criassem um elo temporário para os elementos do jogo não foi confirmada. Uma explicação seria o contraste entre as formas de apresentação dos mediadores (estáticos) e do videojogo (dinâmico); outra, mais relevante, seria o tipo de tarefa (individualizada), que privou os Ss da influência de outras crianças atuando como mediadores e fornecendo instrumentos psicológicos, que elas ainda não dispunham.

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