Resumo

No cargo de técnica esportiva, o campo de atuação ainda se encontra muito limitado para o público feminino. Inserido nesse contexto, este estudo teve como objetivo geral analisar a atuação de mulheres como técnicas esportivas no Brasil. A pesquisa se propôs a identificar quais são as razões associadas à baixa representatividade feminina nesse cargo; conhecer as vias de acesso e estratégias utilizadas por técnicas para a inserção, ascensão e permanência no posto; conhecer as barreiras enfrentadas por elas; e fazer um levantamento quantitativo da atuação de técnicas no Brasil em nível nacional e estadual. O referencial teórico adotado foi a metáfora do teto de vidro e a teoria das estruturas determinantes (KANTER, 1993). Participaram do estudo treze técnicas atuantes em âmbito estadual, nacional e mundial, dos seguintes esportes: natação, saltos ornamentais, ginástica aeróbica, judô, futsal, futebol, handebol e basquetebol. O levantamento quantitativo da representatividade feminina no Brasil foi feito com todas as confederações e com uma amostra de 259 federações esportivas. O método de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada com o suporte de formulário de elaboração própria. Também foram realizadas consultas via email e telefone com federações e confederações esportivas. Os dados foram analisados de acordo com a técnica de análise categórica (BARDIN, 2008). Os resultados indicaram que as principais formas de inserção no cargo foram a condução e o convite. Verificou-se que a permanência das treinadoras é garantida principalmente pela credibilidade adquirida com a demonstração de resultados. As principais barreiras enfrentadas por elas foram o domínio masculino, o preconceito, a aceitação de pais e atletas, o conflito da vida pessoal versus vida profissional, a remuneração e o estereótipo de homossexualidade. Constatou-se que, no Brasil, as mulheres representam apenas 7% dos técnicos. Como motivos para a pequena atuação feminina no cargo emergiram as barreiras enfrentadas pelas técnicas; a dificuldade de ascensão; a aceitação feminina da exclusão; a falta de mulheres com perfil; e a desistência da carreira. Concluiu-se que a carreira de comando esportivo no Brasil ainda se encontra voltada para os homens.

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