Resumo
Os polimorfismos da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA) e da Alfa Actinina-3 (ACTN3) parecem influenciar o desempenho físico de idosas, tendo em vista os declínios advindos do processo de envelhecimento. Programas de exercício físico podem auxiliar na redução desses declínios e a conformação dos polimorfismos pode ser uma ferramenta de auxílio na prescrição do treinamento. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi verificar a influência dos polimorfismos da ECA e da ACTN3 individual e combinado na modulação dos efeitos físicos e nas respostas metabólicas de um programa de treinamento multicomponente (TMC) em idosas. Participaram do estudo 39 idosas que realizaram: 1) Coleta sanguínea para genotipagem e análise metabólica (colesterol total, HDL, VLDL, LDL triglicerídeos, albumina, creatinina e glicose); 2) Questionário IPAQ para verificar o nível de atividade física, 3) Bateria de testes físicos Functional Fitness Test, 4) TMC realizado durante 12 semanas consecutivas. As análises dos dados consistiram no teste de equilíbrio de Hardy-Weinberg para distribuição dos genótipos, posteriormente o teste de Shapiro-Wilk foi realizado para verificar os pressupostos de normalidade, em seguida o teste t pareado ou teste de Wilcoxon para verificar o efeito da intervenção e por fim foi realizada a associação, pré e pós intervenção dos polimorfismos da ECA e da ACTN3 individual e combinado com os testes físicos e os parâmetros metabólicos. Os resultados apontam uma associação significativa com o teste de sentar e alcançar e o polimorfismo da ACTN3 nos modelos codominante (p=0,03) e recessivo (p=0,04), no momento pré intervenção, bem como para o colesterol total e o polimorfismo da ECA modelo codominante (p=0,04) no momento pós intervenção. Para as outras análises não houve associação significativa. Os resultados sugerem que os indivíduos genótipados XX da ACTN3 possuem melhor flexibilidade dos membros inferiores no momento pré-intervenção, e o genótipo DD da ECA possui maiores níveis de colesterol total após 12 semanas de TMC. Para as outras variáveis físicas e metabólicas não houve associação significativa com os polimorfismos da ECA e da ACTN3. Contudo, o TMC demonstrou ser eficaz para melhorar as capacidades físicas e parâmetros metabólicos. Logo, o perfil genético parece não modular efeitos físicos e metabólicos do TMC em idosas.