Resumo

Desde finais da década de 1840 ondas imigratórias chegavam ao Brasil para incrementar a economia. A grande instabilidade econômica e as constantes guerras vividas pela Europa do século XIX trouxeram esses indivíduos. Todavia, além de suplementarem o trabalho que faltava esses imigrantes criaram novos padrões culturais especialmente na cidade de São Paulo (SIRIANI, 2003). Os imigrantes alemães foram os pioneiros que aqui chegaram e logo perceberam que haviam sido enganados por falsas promessas e que teriam que lutar muito para vencer em solo tupiniquim. Para isso, trataram de estreitar os laços de germanidade que os uniam e buscaram formas de manter viva a chama teutônica que os impulsionava (WILLEMS, 1980). Assim, o presente estudo, por meio de uma revisão bibliográfica, tem como objetivo identificar as contribuições esportivas dos imigrantes alemães para a cidade de São Paulo. Quando a colônia alemã residente na capital já estava estabelecida, começaram a ser delineadas as primeiras instituições de amparo educacionais, sociais e esportivas voltadas especificamente para o seu grupo, intensificando os contatos e garantindo-lhes a manutenção de alguns traços culturais. Vários clubes germânicos foram criados na cidade no final do século XIX, baseados nos moldes do precursor do Turnen, Friedrich Jahn (TESCHE, 1996), entre eles o Deutscher Turnverein 1888 e o Turnerschaft 1890. Deve-se ao imigrante alemão o pioneirismo da atividade esportiva na cidade de São Paulo, pois devido à fundação de clubes gímnicos para a prática do Turnen que se iniciaram as primeiras manifestações esportivas na cidade. Aos poucos algumas modalidades esportivas foram se integrando às já oferecidas pelos clubes, como o handebol, o tênis, a natação e o remo, e os clubes germânicos passaram da monocultura da Ginástica para a policultura esportiva (WIESER, 1990). Muitos outros clubes germânicos foram fundados na cidade de São Paulo entre 1890 a 1898, como o Deutsch Sportive, o Clube Donau, o Clube Stern e o Sport Club Germania em 1899, mas, infelizmente, muitos não se sustentaram devido ao decreto de lei brasileiro que ordenava que todas as entidades de origem estrangeira se naturalizassem (NICOLINI, 2001). Décadas depois, com o processo de miscigenação totalmente inserido nos meios, essas agremiações foram se extinguindo gradativamente, à medida que a chama nacionalista teutônica que os impulsionava diminuía, não somente pelos acontecimentos históricos, mas porque a terceira e a quarta geração dos alemães natos foram "nacionalizadas", passando a integrar outras entidades de fora da colônia.