Resumo

O recurso a diferentes técnicas de entrevista é fundamental quando se pretende conhecer de forma aprofundada determinada realidade vivenciada, designadamente o modo como estudantes-estagiários percecionam o seu processo de aprendizagem. O presente estudo pretende analisar o uso do timeline em entrevistas de natureza biográfica, para aceder às experiências vividas (Adriansen, 2012) de estudantes-estagiários. Ao longo do primeiro semestre de estágio profissional os estudantes-estagiários foram convidados a preencher uma linha do tempo com escritos e/ou desenhos relativos ao vivenciado nesta etapa inicial. Este registo foi a base para a realização das entrevistas posteriores. O timeline permitiu organizar temporalmente e de forma contextualizada os eventos que os estudantes-estagiários consideraram relevantes, ficando claro o nível de importância desses momentos nos seus processos de aprendizagem. Uma vez que os estudantes-estagiários foram convidados a representar visualmente os acontecimentos e a explicá-los, ocorreu uma reflexão, interpretação e articulação temporal dos episódios passados, com atribuição de significado às aprendizagens adquiridas. Este instrumento revelou-se um complemento essencial às entrevistas, dotando-as de maior completude, porquanto permitiu aceder ao conteúdo (o quê), contexto (como) e significado (porquê) do experienciado. Para além de servir como guião de entrevista e auxiliar o discurso dos estudantes-estagiários, o registo visual teve o efeito de relembrar eventos, que dificilmente surgiriam no discurso. O facto de o timeline não requerer um discurso linear permitiu aos estudantes-estagiários ilustrarem diferentes perspetivas acerca das suas aprendizagens: dificuldades e sua superação, aprendizagens/conhecimentos (o quê?; como?), sentimentos e a sua influência no processo de aprender a ser professor.

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