Resumo

É comum o torcedor se emocionar ao testemunhar a premiação de um atleta, elevando seu esforço a ato de heroísmo e bravura. Mas existe uma diferença entre a vida do atleta que é apresentada pelos meios de comunicação e sua vida real. Este artigo discute tais diferenças, com base em pesquisa acadêmica em que foram realizadas entrevistas com atletas e profissionais do voleibol e uma análise da cobertura dos Jogos Olímpicos de Atenas feita pela imprensa
brasileira. Tendo como foco o indivíduo, discute-se o papel da mídia na construção de um discurso idealizado sobre o atleta, em que ele é elevado à condição de herói, ser talentoso e dotado de capacidades sobre-humanas. Com base em suas experiências, atletas, médicos, treinadores e outros profissionais apontam e avaliam os sacrifícios exigidos
pela competição em alto nível - contusões, abandono da escola e pressão psicológica por resultados - como
possíveis fontes de problemas na formação humana dos jovens atletas brasileiros.