O primeiro ídolo a gente nunca esquece. Será?
Integra
Há na história do futebol mundial e, particularmente, do futebol brasileiro, ídolos em todas as gerações. Ao menos desde o aparecimento dos campeonatos sistemáticos, como o Campeonato Paulista, que teve sua primeira partida realizada em 1902, entre Germania e Mackenzie. É o marco com equipes profissionais, ou semi-profissionais. Depois só cresceu com a construção de estádios e o aparecimento do rádio em 1922, a profissionalização em 1933, etc. Aliás, a profissionalização do futebol no Brasil teve início em 1931, quando o esporte foi incluído na Legislação Social e Trabalhista, já na Era Vargas, e foi formalizada em 1933 pela Confederação Brasileira de Desportos, a CBD. A inauguração oficial do profissionalismo no futebol brasileiro foi em 1933, com uma partida entre o São Paulo e o Santos.
O melhor período que irei destacar é o início do século XX, com destaque para as décadas de 1910, 1930, 1950 até 1970.
O maior e mais importante ídolo, o primeiro, o chamado Ídolo de Papel, pois ainda não existia o rádio, só jornais impressos, falo de Arthur Friedenreich, El Tigre. Ele era um brasileiro típico, a civilização nascida de todos os povos que no Brasil chegaram e formaram a cultura e a civilização brasileira. Foi driblando o racismo brasileiro que conseguiu jogar por clubes da chamada elite paulistana, como o Germânia e o Mackenzie.
Filho de um alemão, Oscar Friedenreich, com uma ex-escrava, Matilde, Arthur foi o contraponto do futebol brasileiro nos primeiros anos do século XX, em meio a homens brancos filhos do patriarcado brasileiro. Era o ápice da chamada Política do Café com Leite.
Friedenreich foi o cara que furou o sistema organizado pelos filhos dos donos das fazenda de café que foram estudar na Europa e trouxeram o futebol debaixo dos braços. Eles imaginavam que traziam uma espécie de ingresso ao mundo aristocrático. Organizaram clubes fechados para homens brancos praticarem o Football Association.
Foi no Sport Club Germania, que mais tarde tornou-se Esporte Clube Pinheiros que Friedenreich começou a jogar futebol. Germânia, Mackenzie, Ypiranga, Paulistano eram alguns dos clubes em que a nascente burguesia paulistana se reunia para um match de football.
Foi de Arthur Friendenreich o gol que decretou a vitória por 1 a 0 do Brasil sobre o Uruguai, em 29 de maio 1919. Foi o primeiro título internacional conquistado pelo selecionado brasileiro. Nascia ali o ídolo nacional. O primeiro maior jogador de nossa história.
Para sabe mais: Duarte, Luiz Carlos. Friedenreich, a saga de um craque nos primeiros tempos do futebol brasileiro. Editora Casa Maior. 2012