Resumo

Apesar de o senso comum estabelecer que todo brasileiro "já nasce sabendo jogar bola", é longo o caminho entre o reconhecimento de se "ter talento" para o futebol até a "lapidação" desta espécie de "aptidão aparentemente inata". Assim, cada vez mais cedo, as crianças praticam Futsal em escolinhas esportivas com a esperança de que sejam encaminhadas/convidadas a jogarem o Futebol em clubes profissionais. Como a quantidade desses jovens que se lançam no mercado esportivo é crescente, faz-se necessário observar e entender como se dá o comportamento social estabelecido nas escolinhas de futsal/futebol. O objetivo do presente estudo foi investigar o planejamento/ações que pais e clubes realizam para que os garotos adquiram a capacidade de jogar futsal/futebol. Para tanto, por meio de trabalho etnográfico, durante um ano foram observadas e registradas em entrevistas e diário de campo as práticas e as falas dos jovens atletas, pais, professores e dirigentes de um clube tradicional de Curitiba. Partindo da premissa de que a mítica do talento inato dá lugar à aprendizagem sistematizada como forma de se obter o triunfo, pretendemos expor aqui como são traçados os caminhos e os descaminhos no mundo do futsal e futebol de base. O trabalho revela que a formação de um jogador consiste num processo de ensino-aprendizagem-prática determinado pelos pais e que encontram eco em clubes especializados. Evidencia-se que para alguns pais e professores o "jogar bola" é apenas mais uma possibilidade de profissão, tão desejada, entre outras.

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