Resumo

A formação dos professores de dança no Brasil não apresenta uma única via, podendo ser obtida a partir do ensino superior universitário, em escolas credenciadas pelo Ministério da Educação ou ainda através de cursos livres. Em Florianópolis, o quadro da formação e desenvolvimento profissional dos professores de dança encontra-se em situação precária quando comparado ao panorama brasileiro, destacando-se a inexistência de curso de graduação para a formação inicial em dança e o fechamento gradativo das escolas credenciadas. Neste contexto, o estudo investigou o processo de formação dos professores de dança de Florianópolis, abordando a formação, os mecanismos de socialização e o desenvolvimento profissional. Para tanto, foi necessário dividir a formação dos docentes em três etapas: a formação enquanto bailarino, o rito-de-passagem e a formação enquanto professor. Utilizou-se como instrumentos para a coleta de dados a entrevista semi-estruturada e a análise documental do currículo dos professores. Participaram do estudo 24 professores de dança nos estilos Ballet Clássico e Dança Contemporânea. Constatou-se que a formação da maioria dos docentes em dança tem ocorrido através da educação não-formal, baseada principalmente em cursos livres e construída a partir de vivências e relacionamentos possíveis dentro do contexto histórico-social. Os agentes (família, colegas e professores) e fatores (econômicos, políticos e familiares) de socialização contribuíram para a escolha e permanência destes profissionais na área da dança, independente das fases de desenvolvimento profissional. A análise da cultura docente e suas normas de conduta permitiu tanto compreender o comportamento destes professores e o contexto histórico em que se inseriam, quanto vislumbrar melhorias para a classe a partir do relato das principais preocupações docentes e carências da área da dança em Florianópolis. Sugere-se a implementação de cursos de formação inicial universitária em dança, o fortalecimento das associações e organizações específicas da área, a criação de uma política cultural e, essencialmente, a mudança no pensar e agir dos profissionais da dança, no sentido de evitar o individualismo e fomentar a adoção de normas de condutas reconhecidas e estipuladas pelos pares.

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