Resumo

Proponho analisar as modalidades de violências impostas aos jovens inscritos no processo de formação do jogador profissional de futebol, no Brasil. Essas modalidades são fomentadas por "novas subjetividades' produzidas nos "jogos" das relações sociais contemporâneas, tendo oesporte (veículo de estruturação do lazer, do tempo livre e da expectativa profissional) e a mídia (veículo de comunicação e de divulgação) importantes papéis na consolidação dos símbolos e das identificações que incentivam à busca pela carreira esportiva. Os símbolos e as identificações são constituídos por valores simbólicos, culturais, econômicos e políticos e alimentam o sonho de milhares de jovens de ser jogador profissional. Tratando-se de um objetivo de investigação, tento verificar se as subjetividades produzidas pelo Futebol, na esfera da cultura e no bojo de nossa sociedade, são complementos da esfera do capital, ou seja, se "o capital ocupa-se da sujeição econômica e a cultura da sujeição subjetiva" (Félix GUATTARI, 1996: 15/24). Deixo esclarecido que as análises realizadas ficaram restritas às leituras da memória e aos discursos "coletados" dos candidatos-jogadores pesquisados. Com essa estratégia, indico o grau de relação entre iniciante-futebol e atleta-expectativa de futuro. Para tanto, realizei entrevistas, questionários, conversas informais e dinâmicas de grupo. Em síntese, argumento que o futebol, diante das transformações "modernizadoras" em curso, impõe à imensa maioria dos candidatos-jogadores inscritos sonhos, ilusões, frustrações e violências.

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