O Processo Inclusivo nas Aulas de Educação Física da Rede Regular de Ensino em Escolas Púplicas
Por Gisele Souza de Castro (Autor).
Integra
INTRODUÇÃO:
Atualmente, a sociedade se caracteriza pela manifestação de expressões como valorização da diversidade humana, da diversidade cultural, da inclusão social e da inclusão escolar, sendo esta atualmente, um dos maiores desafios do sistema educacional, e de uma sociedade ainda estigmatizante e discriminatória, onde percebemos o despreparo dos profissionais que atuam dentro das escolas e da sociedade em geral e que ainda apresentam uma postura resistente.
Dessa forma, uma das atuações do profissional de Educação Física (EF) é o trabalho com Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (ANEE) que busca estimular o desenvolvimento de suas potencialidades adaptando suas aulas às características e necessidades de cada aluno, respeitando suas limitações e valorizando as potencialidades.
Assim, buscou-se realizar um diagnóstico das escolas da rede pública (estadual e municipal), de Santa Maria/RS, a fim de detectar como está sendo efetivada/implementada a inclusão escolar nas aulas de EF, bem como identificar a existência de ANEE incluídos no ensino regular, se participavam das aulas de EF, as formas de integração que se utilizavam nas aulas com o professor e colegas, e, quais as formas propiciadoras de inclusão que o professor e os colegas utilizavam durante as aulas com o ANEE
METODOLOGIA:
Essa pesquisa de cunho descritivo teve como amostra três escolas da rede estadual e três da rede municipal, onde se observou uma turma de cada escola estadual e uma turma de cada escola municipal sendo todas de ensino fundamental, somando seis turmas para a coleta de dados, utilizando-se como critério de seleção as escolas que apresentavam alunos incluídos em classe regular e que se localizavam em diferentes bairros de Santa Maria/RS.
A partir da seleção das escolas observou-se uma aula por turma para constatar se o ANEE participava das aulas de Educação Física e se havia integração com o professor e com os colegas para propiciar a inclusão deste aluno.
Como instrumentos metodológicos utilizou-se uma ficha para observação das aulas.
RESULTADOS:
Foram visitadas três escolas estaduais de Santa Maria/RS, onde se escolheu uma turma de cada escola em que houvesse aluno com deficiência incluído na classe regular, sendo, uma turma de 1ª série com três ANEE incluídos, outra de 7ª série com um ANEE incluído e outra de 8ª série com um ANEE incluído. Foram também visitadas três escolas municipais sendo que, uma turma era de 1ª série e possuía um ANEE incluído uma turma de 2ª série com dois ANEE incluídos e uma turma de 4ª série com um ANEE incluído, sendo todas as turmas de ensino fundamental, observou-se uma aula de EF de cada turma, somando-se seis aulas observadas.
Identificamos de modo geral que o comportamento dos professores e colegas, e a interação do ANEE com esses ocorreu de forma satisfatória. Os colegas identificavam as deficiências, e não às colocavam em evidência. Havendo casos específicos nas séries iniciais necessitando a interferência do professor.
Referindo-se à inclusão de professor/ANEE/colegas, os professores buscavam incluir o ANEE durante a aula, e estes buscavam integrar-se com todos.
Os professores buscavam sempre chamar o ANEE para as atividades e nas formas de inclusão utilizadas por colegas, estes procuravam incentivar o ANEE na execução da atividade e integrá-lo ao grande grupo.
CONCLUSÕES:
De modo geral, as escolas da rede pública que participaram deste estudo, estão propiciando a inclusão escolar e há uma efetiva participação dos ANEE nas aulas de Educação Física.
Verificou-se que em ambas as redes o relacionamento do professor com o ANEE ocorreu da mesma forma que com os demais colegas da turma, conseguindo "chamá-lo" para sua aula de forma espontânea, não havendo constrangimentos ou trabalhos específicos que diferenciasse o ANEE de seus colegas.
Assim, destaca-se o papel dos professores, que em todas as aulas observadas percebeu-se que estão propiciando a inclusão escolar, de sua parte, procurando também consegui-la por meio dos colegas do ANEE que, em alguns casos, ainda se mostram resistentes.
Conclui-se que nas turmas observadas, as manifestações de preconceito em relação colegas/ANEE, ocorreram mais em séries iniciais do ensino fundamental, mostrando com esta atitude a importância de um esclarecimento mais aprofundado sobre esses assuntos para todas as faixas etárias, e que o processo de inclusão necessita de um olhar crítico e construtivo de todos.