Resumo

Em maio de 2016, o Ministério da Cultura (MinC) lançou o que seria o Programa de Cultura dos Jogos Olímpicos Rio2016. Tal documento previa duas mil ações culturais e envolvia cerca de dez mil artistas de todo o Brasil. Com a mudança da gestão do MinC, resultante do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, essa programação foi reduzida e, às vésperas dos Jogos Rio2016, a crise estava instalada no campo artístico e cultural brasileiro, inaugurando-se o debate sobre os motivos que levaram ao cancelamento. O artigo analisa a disputa da narrativa a respeito da anulação de parte da programação de cultura dos Jogos Rio2016. Para tanto, utiliza como fontes principais as entrevistas gravadas para o projeto “Preservação da Memória das Olimpíadas”, as quais são tratadas no artigo como parte de uma estratégia de “narrar o passado” (mesmo que muito recente) como uma forma de ação. Nesse sentido, os extratos das entrevistas citados não são simples “ilustrações” de como se deu o sucesso ou o fracasso da programação cultural dos Jogos Olímpicos; eles são componentes fundamentais da explicação de como se comportam atores sociais em uma disputa de narrativa sobre um projeto que foi proposto inicialmente como uma ação integrada de entes públicos e Comitê Rio2016 e que teve um resultado final bastante polêmico.

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