Integra

Há várias maneiras de saber as coisas. Eventualmente nos impressionamos com gente do povo que, a respeito de uma determinada situação, sabe muito. À sua maneira, mostra extrema habilidade e fala sobre o assunto de modo a nos fazer sentir ignorantes. Porém, é possível que essa mesma pessoa viva em situação de penúria e nunca escape dela. Seu saber, de alguma maneira, não lhe permitiu desenvolver uma consciência que lhe permita transcender o pequeno universo em que vive. Algo parecido ocorre com parte dos professores da rede de ensino, qualquer que seja a disciplina. Seus planos de aula são contrariados permanentemente pelos acontecimentos do dia-a-dia; por esse motivo, esses professores criam soluções a cada momento, isto é, produzem uma pedagogia criativa a cada momento. Porém, a respeito disso, não discursam em uma linguagem que transcenda esse cotidiano, nem tampouco escrevem a respeito. Perdemos, por causa disso, uma riqueza imensa de conhecimentos sobre o que é verdadeiramente pedagogia. O mundo chamado culto da educação, o mundo acadêmico, bem como a sociedade, não sabe o que se passa no cotidiano das aulas. Só conhece o que está escrito nos currículos das redes de ensino e nos planos de aula. Enquanto isso ocorre, os professores vão aos congressos, ouvem os chamados gurus da educação, aplaudem e acham que o que eles falam é a verdadeira pedagogia. Não que não haja bons acadêmicos e boas palestras, mas nem de longe são suficientes e refletem a realidade das aulas.

Por João Freire
em 28-02-2009, às 10:31

Comentários

Existe no meio científico possibilidades de aproximação entre a produção do conhecimento científico e a prática pedagógica desenvolvida nas escolas. Porém, alguns pesquisadores ignoram essas possibilidades e, continuam afirmando que o conhecimento produzido por eles nos laboratórios basta para resolver os problemas do mundo real. Não preciso citar nomes daqueles que dedicam seus esforços a pesquisa-ação e a pesquisa participante, nem dos pesquisadores que acreditam resolver os problemas do mundo dentro dos seus laboratórios.
O mundo real é outra coisa. Ele não é científico, teológico, filosófico ou do senso comum. Ele é complexo, ou seja, construído por todos a todo o tempo.
As palestras muitas vezes são organizadas para pesquisadores e não para professores, o mesmo acontecem com livros e artigos científicos. O que o senhor diria de uma mesa redonda no maior evento sobre educação no país sendo composta por professores que trabalham na rede básica de ensino?

Abraço.

Por Ivan
em 28-02-2009, às 14:49.

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