Resumo

Este artigo tem por propósito discutir algumas formas de silenciamento vivenciadas por atletas LGBTQIA+ do esporte olímpico. Deslocando-se de uma história oficial olímpica que, na maioria das vezes, exclui essas experiências, traremos as narrativas biográficas de participantes de diferentes edições olímpicas para explorar o tema. Além de destacar nossa compreensão sobre a aplicação deste método à população LGBTQIA+, separamos o texto em duas outras partes. Na primeira, discutimos o abismo existente entre o narrar livremente as próprias vivências e a atmosfera social violenta, desumanizante e estereotipada que impede que determinados assuntos (em particular o da chamada autoafirmação identitária) emerjam de narrativas LGBTQIA+. Logo na sequência, destacamos como os próprios regimentos olímpicos inserem os(as) atletas em condições subalternizadas ao mesmo tempo em que depreciam quaisquer ações políticas. Para encerrar o artigo, consideraremos o ocultamento de assuntos relativos à vivência LGBTQIA+ um vestígio dos processos de censura e/ou trauma experimentados ao longo da carreira atlética, e não menos uma resposta ao exagero midiático contemporâneo e seu lucro a partir da especulação.

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