Resumo

No rumo que vai, o sistema de pós-graduação irá à falência, pelo menos se a Educação Física for uma boa amostra. Ruirá como deverá ruir o modelo maior que a pós-graduação segue, isto é, o modelo global. Creio que a ferida maior de nossa pós-graduação está no fato de que toda a estrutura se orienta pela avaliação. Trata-se de uma inversão da ordem de uma estrutura de produção, quando a avaliação serve para verificar a eficácia do sistema e dar-lhe um retorno. Na pós-graduação é o contrário: todo o sistema ajusta-se à avaliação, por sinal, absolutamente incapaz de perceber o que significa pós-graduação, o que significa produção de conhecimento vinculado ao mundo, o que significa formação de professores e pesquisadores. A miopia do sistema de avaliação tem uma visão única de conhecimento e de ciência e tornou-se uma espécie de instância correspondente, na universidade, à inquisição na Renascença. Oprime os que de fato pretendem fazer filosofia e ciência tanto quanto Galileu foi oprimido pelo Santo Ofício. A avaliação, quando tornada instrumento de exercício de poder coercitivo, eleva os avaliadores à categoria de tiranos; enlevados pelo poder, exercem a tirania com extremo requinte e apodrecem todo o sistema.