Resumo

Atualmente a saúde tem sido compreendida sob um enfoque mais abrangente, envolvendo fatores sociais, políticos, econômicos e subjetivos, passando a ser considerada como um meio para atingir os objetivos de vida. Porém, as práticas ainda não parecem ter incorporado essa visão mais ampla, sendo influenciadas freqüentemente pelo paradigma biomédico, que concebe saúde como a ausência de doenças. A Educação Física, considerada uma prática em saúde, também tem suas ações por vezes pautadas nesse paradigma. No caso dos idosos, a atividade física tem sido muito valorizada para a melhora na saúde. Mas é importante destacar que esta associação algumas vezes é feita via prevenção de doenças, pois a velhice normalmente é associada à doença, e a prática de exercícios é vista como a cura desta. Esta idéia sobre o envelhecimento reflete exatamente o que grande parte dos programas e serviços oferecidos a essa população acreditam. Associa-se a velhice à doença, mas não sabemos o que os idosos pensam sobre isso. Neste sentido, visto a relação que se tem estabelecido entre velhice e doença, é relevante olhar para a subjetividade envolvida no processo. Tendo em vista tais reflexões, o trabalho aqui descrito pretende conhecer o sentido subjetivo de saúde para idosos do Projeto Sênior para a Vida Ativa, da Universidade São Judas Tadeu (USJT). Essa pesquisa fundamenta-se nos princípios da Epistemologia Qualitativa e nos referenciais teóricos da subjetividade, ambos propostos por Gonzàlez Rey. Participaram deste estudo seis idosas ingressantes no ano de 2006 no Projeto Sênior. Os instrumentos utilizados foram: diário de campo para anotações das observações e impressões da pesquisadora em aula, sistemas conversacionais entre as idosas e a pesquisadora, completamento de frases e conflito de diálogos. As informações obtidas por meio dos diferentes instrumentos foram transcritas e analisadas, e a construção da informação foi feita primeiramente abarcando a subjetividade individual, retratando as configurações envolvidas no decorrer da história de cada idosa. Em um segundo momento, as informações foram compiladas a partir dos seguintes temas: autocuidado: a saúde como um valor; saúde como ausência de doença: a negação da velhice; e saúde como meio: o papel da atividade física. O estudo mostrou que diferentes configurações subjetivas estão envolvidas na construção do sentido de saúde em idosos, especialmente a questão do envelhecimento e o preconceito envolvido neste processo. As idosas desta pesquisa subjetivam a saúde como um valor em suas vidas, se preocupando com ela. O sentido de saúde aparece vinculado à independência para desempenhar papéis sociais e atingir seus objetivos. A doença aparece vinculada a “ser velho”, e a sua subjetivação como um meio incapacitante resulta na negação da velhice.

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