Resumo

Em Educação Física estuda-se o ser humano, um ser complexo, indivisível, cultural e relacional que se movimenta intencionalmente em direção ao mundo. A principal função da área é pedagógica, pois, independente do ambiente de atuação o ato educativo sempre estará presente. Por estas razões a corporeidade se mostra uma premissa relevante para nortear a formação e a atuação dos profissionais da área. Este estudo originou-se da assimilação destes pressupostos à experiência capoeirística vivenciada pela autora. O problema que causou a inquietação para a realização da pesquisa foi o de refletir sobre as possibilidades educativas que permeiam o universo capoeirístico com o objetivo de analisar quais as convergências entre os princípios e valores encontrados na vivência capoeirística com aqueles defendidos na produção acadêmica sobre corporeidade. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, tendo como universo o Centro Cultural de Capoeira Águia Branca em Uberaba – MG. Participaram do estudo vinte sujeitos e os critérios adotados para inclusão foram: ter idade mínima de dezoito anos, praticar ou ter praticado Capoeira por no mínimo dois anos e aderir ao Termo de Consentimento livre e Esclarecido. O instrumento utilizado foi uma entrevista estruturada com três perguntas geradoras: “O que é a Capoeira para você?”, “O que é corpo para você?” e “Como você vivencia seu corpo na Capoeira?”. Para interpretação dos dados foi utilizada a Técnica de Elaboração e Análise de Unidades de Significado proposta por Moreira, Simões e Porto (2005). Os resultados demonstraram que, para os sujeitos questionados, a Capoeira é permeada de valores que são relevantes em diversos aspectos de suas vidas, sendo que os mais citados foram os relacionados à formação. A concepção de corpo explicitada pelos sujeitos é estreitamente ligada aos pressupostos vinculados à corporeidade e assim como na vida, o corpo é fator essencial na prática da Capoeira; ele age, expressa, supera, liberta e transcende. Nas considerações finais enfatiza-se a necessidade de uma mudança de paradigma para a área da Educação Física aderindo a uma formação mais humana e humanizante. Como prognóstico a essa identificação sugere-se a aproximação entre a universidade e o conhecimento popular, para que o mundo ideal estudado pelos discentes esteja mais relacionado ao mundo vivido das pessoas que usufruirão de sua intervenção e para que os valores e sabores da cultura popular possam fazer parte do meio acadêmico.

Acessar Arquivo