O Sub-campo do Futebol Americano no Estado de São Paulo: Parcerias Entre Equipes de Futebol Americano com Equipes de Futebol
Por V. R. M. Júnior (Autor), R. F. R. Marques (Autor).
Resumo
O futebol americano foi criado nos EUA no século XIX. Tem sua sistematização e regulação burocrática instalada em solo brasileiro pela Associação de Futebol Americano do Brasil no ano 2000, atualmente chamada de Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA). Em 2009 foi criado o primeiro campeonato da modalidade no formato fullpad, o Torneio Touchdown, por iniciativa de uma empresa privada independente da CBFA, contando com 20 equipes em 2014. No estado de São Paulo existe a Federação de Futebol Americano de São Paulo, criada em 2012, com 22 equipes filiadas. Uma característica comum entre as entidades reguladoras da modalidade no Brasil é a presença de equipes que se associam a clubes de futebol, herdando seus nomes e marcas, em um total de nove nesta condição. Considerando o sub-campo do futebol americano no Brasil como um espaço social que ainda busca reconhecimento simbólico no campo esportivo brasileiro, tem-se o seguinte questionamento: como é a percepção de dirigentes de equipes de futebol americano de São Paulo sobre as parcerias com entidades do futebol? Entrevistas semiestruturadas foram realizadas com quatro dirigentes de equipes de futebol americano do estado de São Paulo que mantivessem relações formais com algumas das entidades reguladoras apresentadas. A análise dos dados baseou-se no método Discurso do Sujeito Coletivo e discussão com base em categorias de Pierre Bourdieu. São os principais resultados: a) objetivo de agregar maior interesse do público à modalidade; b) facilitação de acordos de patrocínio; c) é uma parceria viável financeiramente para as equipes de futebol e; d) prejudicial por herança de relações políticas existentes no futebol. Conclui-se que esse processo faz com que o futebol americano sofra o efeito de elasticidade semântica, em relação aos próprios modos de organização da modalidade e equipes. Pode-se construir um habitus dos entrevistados frente a essas parcerias, na concordância com a ideia otimista de aumento de público e capital econômico para o futebol americano, em uma tentativa de massificar o esporte no Brasil. Destaca-se a expectativa por melhoria das condições financeiras, pautada no valor simbólico que uma equipe filiada ao futebol tem frente às outras desprovidas destas parcerias, principalmente em relação a patrocínios. Entretanto, foi apontada uma ressalva ligada às atividades políticas do futebol que provocam certa perda de autonomia das equipes de futebol americano frente às decisões pertinentes à modalidade.