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O ex-Secretário Nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Luiz Lima, pediu o afastamento do presidente do COB, Paulo Wanderley, e renovação total com eleições diretas e voto dos atletas. O pedido foi durante audiência pública na Comissão de Esporte na Câmara dos Deputados, na presença de Paulo Wanderley, do secretário executivo do ministério do Esporte, Rogério Sampaio, e de mais de uma dezena de presidentes de confederações.

Num discurso de cinco minutos, Luiz Lima também pediu a abertura das contas do COB e suspensão dos repasses da Lei Piva até se ter confiança na gestão do órgão. Os pedidos de Lima foram acompanhados por Bebeto de Freitas, ex-jogador e técnico de vôlei premiado internacionalmente, atualmente secretário de Esporte de Belo Horizonte e assíduo crítico da gestão de Carlos Arthur Nuzman.

“O que havia no COB era uma estrutura sem ética e sem moral. Por isso, precisamos de nova eleição de renovação total no quadro de dirigentes”, disse Bebeto.

Porém, entre os idealistas, é estranho ver o discurso de deputados que já foram adoradores de Nuzman. O deputado Arnaldo Jordy, do PPS do Pará, sente-se “vítima da fraude de abutres”, pensando que estava num país olimpicamente desenvolvido.

Na verdade, deputados nunca se interessaram em fiscalizar os atos de Carlos Nuzman. Nunca abriram os balanços do COB para tentar encontrar os deslizes que agora apontam. Ao contrário, silenciavam quando Nuzman e assessores iam à Comissão de Esporte, por mais de dez vezes o último ciclo olímpico.  

Fiz dezenas de denúncias de corrupção, no futebol, inclusive, que foram ignoradas pelos parlamentares. Por que silenciaram? Que interesse tinham em não questionar os cartolas até a chegada do caos?

Agora, acusam o COB como se ali estivesse o centro das mazelas do nosso esporte quando, na verdade, o comitê administra apenas uma pequena parcela das milionárias verbas públicas. O problema maior, senhores, está no Ministério do Esporte. Ali estiveram, de 2003 até agora, seis ministros, sendo cinco – reparem bem, cinco! – deputados federais: Agnelo Queiros, Orlando Silva, George Hilton, Aldo Rebelo e o atual, esse tal de Picciani, cujo pai vive fugindo da polícia.

Não restam dúvidas de que há problemas no COB, resultado, principalmente, do longo mandato de Nuzman, que agia como se fosse insubstituível. Mas a maior roubalheira pública tem endereço conhecido na Esplanada dos Ministérios. Basta ler os detalhados relatórios do TCU desde a preparação para o Pan 2007 para entender do que falo. O deputado Jordy leu essas preciosidades de relatos sobre a corrupção no esporte? E que providência tomou?

Arnaldo Jordy, que já presidiu a Comissão de Esporte, discursa como se estivesse falando para tolos. Ao pedir mudança radical no COB, emendou: “55% das escolas de seu estado, Pará, não tem quadra esportiva”. Mas isso não é competência do COB, deputado! é do ministério onde estavam os seus colegas deputados, sem saber o que fazer lá!

Então, apesar da grande importância das audiências públicas para passar a limpo o esporte brasileiro, estamos diante de mais um “blá-blá-blá...” para a maioria dos deputados, porque o ano que vem tem eleição e é isso que interessa.

Precisamos de uma reforma geral, mas que comece por termos um ministro comprometido com o setor, e não um ocupante de ocasião, desses que ajudam a enterrar mais e mais o nosso já maltratado esporte.