Resumo

O futebol é, segundo o antropólogo Roberto da Matta (op.cit.), um fato social total, em que se posicionam a estrutura e a hierarquia da sociedade brasileira e que se tornou em um dos mitos da fundação de uma identidade nacional e de representações sociais do que é ser brasileiro. Da Matta (1986:18), ainda, define que ser brasileiro é ser “amante do futebol, da música popular, do carnaval, da comida misturada, dos amigos e dos parentes, dos santos e orixás”, usando, para o autor, uma formula que lhe foi fornecida pelo próprio Brasil. Édson Gastaldo (2002), considera o futebol como parte de um ethos brasileiro, usando de empréstimo a relação estabelecida por Geertz entre a rinha de galo e a sociedade balinesa. Giulianotti (2010) ainda considera que o futebol remodela as relações de poder, significados, discursos e modelos estéticos de dentro das sociedades que está inserido. Além da identidade nacional, devemos levar em consideração que outras formas representação identitárias e de pertencimento que emanam dos processos sociais e culturais que se dispõe do futebol, já que este transborda outras inquietações a partir do compartilhamento de experiências individuais e coletivas e, também, as tensões entre as diversas subjetividades existentes dentro do jogo, disposta numa dinâmica relação que desperta entre o torcedor com o torcer, adiante, explicada pela dicotomia entre o “nós” e os “eles”, explicitando uma interação com o inimigo, o torcedor time rival. O torcer é a ação simbólica fundamental que une o esporte aos seus torcedores, em um espaço que se dá para além da prática do esporte – ação dos jogadores –, mas da própria relação entre os torceres e de interação que se dá por através do futebol, que refletem nos torcedores, principalmente, enquanto identidades, performances corporais, rituais de sorte, dramas, consumos, entre outros. O torcer mobiliza milhares de brasileiros aos estádios e bares para o consumo de futebol, e parte da identidade social de muitos brasileiros, para expressarem a si mesmo e sobre os outros, mas o torcer do futebol ainda é mais que o seu sistema de representação e mais que um processo afetivo, mas que se institucionaliza entre clube e torcedor. Segundo Toledo (2010), o torcer é uma adesão corpórea fora das linhas do jogo, é se contorcer e ler a partida com gestos, chutar junto com os torcedores, utilizando as duas principais armas: a fé e a vontade de sair vencedor. O presente trabalho busca por compreender o futebol por sua ação mais envolvida, atrelada às performatividade dos torcedores, por através de um olhar antropológico. Entendendo que o estudo do torcer do futebol é uma ferramenta para entender um pouco mais do complexo mundo cultural ao qual o futebol está inserido.
 

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