Resumo

Este artigo realiza um estudo comparativo entre as obras Fever Pitch, de Nick Hornby, e Long Distance Love – a passion for football, de Grant Farred. A proposta é analisar o que se refere aos conceitos de “memória e identidade” e “autobiografia esportiva”, como também investigar a forma como os autores apresentam o “ato de torcer” em suas obras para, então, preencher uma lacuna em relação ao estudo comparativo, nos apropriando das diferenças e semelhanças entre as narrativas. Para isso, a metodologia escolhida tomou como base a pesquisa das teorias autobiográficas, em especial o pacto autobiográfico de Philippe Lejeune e Andrew C. Sparkes. Ademais, foram utilizados os conceitos sobre memória e identidade adotados por Stuart Hall, Joel Candau, Michael Pollak e Maurice Halbwachs e as definições sobre historiografia de Alain Courbin e Matthew Taylor. Além da leitura analítica dos livros selecionados, realizou-se uma pesquisa em trabalhos publicados sobre os autores em livros, jornais e periódicos. As décadas de 1970 e 1980 foram selecionadas para que fosse possível efetuar uma comparação entre as obras, considerando que têm, como centralidade, além do torcedor de futebol e sua passionalidade clubística, a literatura esportiva inglesa. Nick, torcedor do Arsenal. Grant, torcedor do Liverpool. Ambos apresentam suas tragédias e epifanias, exibidos num enredo em que a paixão pelo futebol e, principalmente, por seus times, é tratada como uma obsessão, pois promove uma junção entre viver e torcer, tornando-os elementos inseparáveis. Os autores viviam em realidades diferentes. Nick, branco, morava na Inglaterra e podia acompanhar o Arsenal nos jogos. Grant, negro, morava na África do Sul em pleno regime do Apartheid e torcia para o Liverpool, um time eminentemente racista, que não aceitava jogadores negros. A realidade dos torcedores/autores foi retratada neste artigo de forma a mostrar que a relação entre eles é bem maior do que se pode ler em uma autobiografia.

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