Resumo
Esta dissertação trata de analisar, de um modo geral, os processos de trabalho dos trabalhadores em Saúde Mental e, de modo específico, como os trabalhadores de Educação Física se incorporam (ou são incorporados) no cotidiano de trabalho nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A temática é tratada nesta dissertação com base nas formulações teóricas produzidas a partir do movimento antimanicomial e da Reforma Sanitária Brasileira. A metodologia adotada foi o estudo de caso qualitativo em um Caps especializado na atenção a usuários de álcool e outras drogas, localizado na região metropolitana de Porto Alegre. Por meio de um roteiro de entrevista semiestruturada, principal instrumento de produção dos dados empíricos, oito trabalhadores de diversos núcleos profissionais da equipe colaboraram com a pesquisa. Do material levantado, três categorias de análise emergiram: 1) a tensão entre público e privado na organização dos processos coletivos de trabalho para a produção do cuidado em serviços de Saúde Mental; 2) as expectativas e demandas da equipe relativa ao trabalho da Educação Física em um Caps AD; e 3) a produção de saberes sem fronteiras disciplinares/profissionais em meio aos afazeres que se misturam na composição do trabalho em Saúde Mental. A análise resultante desta categorização levou às seguintes considerações: a terceirização dos serviços e a precarização dos vínculos empregatícios interfere na organização de processos coletivos de trabalho e na efetiva integração das equipes em Saúde Mental; o trabalho da Educação Física em um Caps Ad transita tanto entre as expectativas de tarefas clássicas do núcleo quanto à composição do trabalho coletivo voltado para as demandas do campo; as equipes multiprofissionais de Saúde Mental que funcionam de forma efetivamente integrada rasuram as fronteiras dos saberes dos núcleos e convocam os trabalhadores a desenvolverem projetos terapêuticos pautados, sobretudo, na produção de vida.