Resumo
Introdução: A doxorrubicina (DOX) é um quimioterápico amplamente utilizado na área oncológica devido a sua eficiência na redução de tumores, no entanto, ela apresenta diversos efeitos colaterais, dentre eles, aumento do estresse oxidativo de forma exacerbada, além da perda de massa e força muscular. Nesse sentido o treino resistido (TR) parece ser uma importante intervenção para atenuação desses efeitos, porém, pouco se sabe sobre a melhor forma de periodizar essa modalidade durante os ciclos de quimioterapia que possa gerar melhores benefícios ao paciente oncológico. Objetivo: Determinar os efeitos do TR periodizado em relação aos dias da quimioterapia na força, massa muscular, marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo em camundongos tratados com DOX. Métodos: Camundongos Swiss foram divididos aleatoriamente em cinco grupos (n = 70) sendo 14 animais em cada grupo: controle (C), tratados com quimioterapia (Q), treinamento (T), treinamento tratados com quimioterapia (TQ) e treinamento periodizado com a quimioterapia (TPQ). A doxorrubicina (DOX) (i.p.) foi aplicada semanalmente em um total de 11 mg / kg durante 3 semanas (semana 1: 4 mg; semana 2: 4mg; semana 3: 3mg). O treinamento resistido consistiu de 4 a 8 escaladas, com intensidade progressiva, 3 vezes por semana durante 3 semanas. Ao final da terceira semana, os animais foram eutanasiados. Resultados: o tratamento com DOX promoveu redução no peso corporal (-14,6%), atrofia dos músculos esqueléticos extensor digital longo (-22,6%), sóleo (-27,6%), diafragma (-30,4%), redução da espessura da parede do ventrículo esquerdo (-42,5%) e perda de força (-29,6%). Peroxidação lipídica local, caracterizada por concentração muscular elevada de MDA (+62%) e concentração plasmática elevada de IL-6 (13,9%) também foi demonstrada em animais tratados com quimioterapia em comparação ao grupo controle (P<0,05). O treinamento periodizado em relação a quimioterapia, mas não o não periodizado, preveniu a atrofia do músculo sóleo (57,2%), EDL (33,3%) e diafragma (21,6%), perda de força muscular (77,3%) e peroxidação lipídica muscular (-53,2%), ambos com p<0,05. Conclusão: O treinamento periodizado com a quimioterapia, mas não o não periodizado, atenua a atrofia muscular induzida pela doxorrubicina, perda de força e dano oxidativo muscular. Nesse sentido, à periodização demonstra ser importante na prescrição de exercícios durante a quimioterapia.