Resumo

A disfunção cardíaca foi recentemente sugerida como uma co-morbilidade, geralmente subestimada, associada ao cancro e parece ocorrer em paralelo com a caquexia. O exercício físico tem sido considerado uma estratégia terapêutica com efeitos benéficos para a função cardíaca. No entanto, o efeito do exercício físico na disfunção cardíaca associada ao cancro está pouco estudado. O presente estudo teve como objetivo avaliar o impacto do exercício físico na capacidade regenerativa do coração num modelo animal de carcinMoma urotelial, induzido quimicamente por exposição oral à N-butil-N-(4-hidroxibutil)-nitrosamina (BBN). Após 20 semanas do início do protocolo, ratos Wistar saudáveis e expostos à BBN foram sujeitos a um programa de exercício físico em tapete rolante (20m/min, 60 min/dia, 5 dias/semana) durante 13 semanas. No final do protocolo os animais foram eutanaziados, os tumores foram contabilizados e analisados histologicamente e recolheram-se amostras de coração para análises bioquímicas. Os animais expostos à BBN apresentaram lesões na bexiga sugestivas carcinoma urotelial e evidenciaram perda de peso corporal superior a 13% comparativamente com os animais controlo, sugestiva de um quadro clínico de caquexia. A prática de exercício físico preveniu estas alterações e ao nível do coração atenuou a fibrose, promoveu um aumento dos níveis de conexina 43, uma proteína das junções Gap e de c-kit, uma proteína das células estaminais. Os resultados sugerem que a prática de exercício físico após o diagnóstico atenua a disfunção cardíaca associada ao cancro por aumentar a funcionalidade do sincício cardíaco conferida pela conexina 43 e pela ativação de células progenitoras cardíacas.

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