Resumo
Introdução: O pé é composto por estruturas ativas, passivas, e componentes neurais. O arco longitudinal medial (ALM) é mantido pela interação dessas estruturas, e um componente importante para isso é a musculatura intrínseca do pé. Nos últimos anos tem se observado uma relação entre a fraqueza desses músculos e a fasciite plantar (FP). A FP é caracterizada por um processo inflamatório na região da fáscia plantar. Seus sintomas são dor região plantar, principalmente nos primeiros passos ao acordar, aumento de atividades como corrida, mudança de calçado, dor à palpação em região de fáscia plantar próximo ao calcâneo. Não há na literatura uma padronização dos exercícios para a MIP, e os guidelines de tratamento da FP não incluem exercícios para esses músculos, nem isolados, nem em comparação com alternativas, como o uso de palmilhas. Objetivo: Verificar o efeito do fortalecimento da MIP na altura do ALM e seu uso no tratamento da fasciite plantar comparativamente ao uso de palmilhas. Métodos: Foram realizadas duas revisões sistemáticas (RS): a primeira foi para verificar, na literatura publicada, os tipos de exercícios e características de treinamento de resistência (series e repetições), aplicados no fortalecimento da musculatura intrínseca. A segunda, para comparar o uso de palmilhas, customizadas ou pré-fabricadas, com o fortalecimento da musculatura intrínseca no pé para o tratamento de fasciíte plantar. Cada RS foi realizada de acordo com o modelo PRISMA, utilizando a estratégia PICO. Para ambas as RS a busca dos artigos foi feita nas seguintes bases de dados: Cochrane Central, Pubmed, PEDro, LILACS, Scielo, Embase, Cinahl e Science Direct. As palavras-chave foram escolhidas de acordo com o objetivo de cada RS. Foram aplicadas a ferramenta de risco de viés Cochrane e a escala PEDro para classificação da qualidade metodológica dos estudos selecionados. Resultados: Para a primeira RS, 4 ensaios clínicos aleatorizados (ECA) foram incluídos. O fortalecimento da MIP não promoveu aumento da altura do ALM em curto prazo, porém foi capaz de promover efeitos a médio prazo. Observou-se uma melhora da funcionalidade em curto e médio prazo na aplicação de exercícios para a MIP. Foram encontrados na segunda RS três ECA. O fortalecimento muscular é mais eficaz para dor e função em pacientes com FP em relação ao uso de palmilhas em médio e longo prazo. Não é possível identificar quais exercícios para MIP. Conclusão: Os exercícios de fortalecimento muscular apresentam influência na mudança de altura do arco longitudinal medial a médio prazo, e melhora dinâmica a curto e médio prazo. O fortalecimento da MIP pode ser uma alternativa a aplicação de palmilhas para o tratamento da FP, com bons resultados para a dor.