Resumo

A dimensão mais valorizada do corpo, na contemporaneidade, é a aparência, pois o corpo belo, jovem e magro tornou-se objeto de consumo, sendo exaltado, sobretudo, pelos meios de comunicação e pela publicidade. Importantes implicações para a saúde, em decorrência da massificação desse discurso de exaltação do corpo, são sentidas, especialmente, entre os adolescentes. Tais implicações vão dos distúrbios alimentares ao consumo de esteróides anabolizantes. Este culto do corpo, em que estilo, forma, aparência e juventude contam como seus mais importantes atributos, leva-nos a considerar que, atualmente, o corpo pode ser modelado, construído e reconstruído. O objetivo deste trabalho foi o de identificar entre adolescentes do sexo masculino sua relação com a prática de musculação com a finalidade de alteração corporal por meio da utilização dos EAA. Na metodologia utilizou-se um estudo epidemiológico, mediante um corte transversal da população, envolvendo 3150 adolescentes do sexo masculino praticantes de musculação, com idade entre 15 a 20 anos e matriculados em escolas do município de São Paulo, que foi realizado através de questionário investigativo a que os sujeitos foram submetidos após um estudo piloto. Foi feita uma análise descritiva dos resultados entre as variáveis do estudo realizado pelo teste não-paramétrico do Quiquadrado, considerando como intervalo de confiança 95%. Os resultados apontam que os adolescentes apresentaram alto nível de satisfação com sua corporeidade quando há alteração corporal no que diz respeito ao aumento da massa. Os resultados mostram também que a prática de musculação na academia com esse fim tem sido feita sem orientação profissional e tem se caracterizado pela predisposição ao consumo dos EAA. Mesmo afirmando não saber o que são, os adolescentes declaram assumir o risco de utilização com objetivo estético. Na busca pelo corpo perfeito, estes estão associando a prática da musculação à predisposição ao uso dos EAA, tendo na academia o lugar propício para este envolvimento, o que se transforma em um problema de saúde pública em função da sua ausência de conhecimento sobre os efeitos reais do uso dessas substâncias. 

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