Resumo

Em 2001 desenvolvemos um método de avaliação do senso rítmico em pessoas com surdez de severa a profunda. Neste método utilizamos um sistema de dicas visuais como forma de substituir as dicas sonoras (não perceptíveis ao surdo) que dão informação sobre o ritmo ambiental e que gerenciam a realização de um movimento no ritmo. O programa de atividades rítmicas adaptadas (P.A.R.A) foi aplicado num período de quatro meses e propunha fazer com que os sujeitos participantes fossem estimulados a perceber o ritmo ambiental (música tocada) em seu parâmetro velocidade, através do uso de dicas visuais. Eram dispostos em um quadro imantado oito imãs com o desenho de tartarugas para compreensão do ritmo lento e coelhos para a compreensão do ritmo rápido. A disposição destas figuras no quadro imantado, chamamos de estruturas. O pesquisador tocava com as mãos na estrutura (figura por figura, na ordem de 1 a 8) na velocidade do ritmo que estava presente no ambiente, solicitando aos sujeitos que realizassem movimentos previamente orientados no ritmo que estava sendo visualmente demonstrado ao grupo. Esta pesquisa revelou que o surdo que participou do P.A.R.A apresentou melhores resultados em suas performances nos parâmetros de velocidade do ritmo do que os surdos que não se utilizam do sistema de dicas visuais para compreensão do ritmo externo (ambiental). Porém, a disseminação do programa dependia da habilidade do professor na execução dos toques com a mão na estrutura dentro de um padrão rítmico, restringindo a possibilidade de levar o programa a outros surdos, dada a especificidade do conhecimento nas questões do ritmo que a pessoa que orienta o programa deveria ter. A proposta da presente pesquisa foi a de desenvolver um método que propicie ao surdo maior autonomia frente a estas questões do ritmo, onde ele mesmo visualize o ritmo externo, sem o auxílio de um intermediador, para tanto foram desenvolvidos dois softwares que tem por função mostrar ao surdo através da percepção visual e/ou da percepção tátil, qual o ritmo que está sendo tocado no ambiente como orientador de suas ações motoras rítmicas. Trata-se de uma pesquisa quase experimental com delineamento ex post facto 4 x 2 onde utilizamos um teste não paramétrico de Kruskal Wallis, para amostras independentes entre si.O objetivo era analisar a interferência dos métodos utilizados com diferentes instrumentos, nos testes do padrão rítmico na performance rítmica dos sujeitos da pesquisa. Os sujeitos foram distribuídos em quatro grupos distintos, segundo as ferramentas utilizadas no teste: G1.Com o uso das estruturas rítmicas; G2.Com o uso apenas das dicas visuais na interface do computador;G3. Com o uso apenas do celular com o estímulo tátil (vibratório) e G4. Com o uso dos dois softwares ("no computador" com a dica visual e "no celular" com o modo vibratório). Os resultados apontaram para diferenças não significativas quanto ao uso de diferentes métodos de dicas (tátil ou visual) para realização de movimentos dentro do padrão rítmico, com um p=0,2119 para o ritmo lento e p=0,2891 para o ritmo rápido com um _=0,05. As médias obtidas nos testes evidenciaram a eficácia do uso de dicas, sejam elas visuais ou táteis na realização dos movimentos solicitados dentro dos parâmetros de velocidade (lento e rápido) do ritmo, sugerindo a viabilidade da utilização do uso dos softwares BPM (Batidas Por Minutos) e VPM (Vibrações Por Minuto) no Programa de Atividade Rítmica Adaptada ao surdo.

Acessar Arquivo