Resumo

Caracterizada como histórico-descritiva, esta pesquisa analisa a transição do amadorismo para a profissionalização do voleibol feminino no Brasil durante o início da década de 1980. Justificou-se a opção pela temática a partir da constatação de que o estudo sobre o voleibol feminino constitui uma lacuna no âmbito da sociologia do esporte brasileira e, considerando a sua evidência no cenário atual das modalidades esportivas, identifica-se a pertinência de compreender como se deu o processo de desenvolvimento e de aceitação da modalidade pelo público. Para isto, fez-se o levantamento de dados com base em reportagens de revistas e jornais da época, bibliografias e entrevistas com agentes participantes deste cenário de transição e, posteriormente, analisou-se o material empírico utilizando as noções de habitus, capital e campo, empregadas na teoria sociológica de Pierre Bourdieu. Para o processo de profissionalização, revelaram-se imprescindíveis as relações estabelecidas entre o voleibol feminino, a mídia e as empresas. Destacamos neste aspecto que o relacionamento do voleibol feminino com o público se estabeleceu por intermédio da mídia que divulgou e promoveu as competições internacionais realizadas no Brasil, a construção estratégica das “Musas do Voleibol” pela equipe de marketing da Confederação Brasileira de Voleibol e os resultados nos campeonatos internacionais. Apresenta-se também que a inserção da mídia no voleibol ocorreu carregada de noções do campo midiático e modificou a estrutura do voleibol durante a fase entre amadorismo e profissionalismo. Como se tratou de um somatório de interesses dos agentes e instituições envolvidos em um determinado momento histórico, conclui-se que o voleibol feminino brasileiro tornou-se um produto a ser vendido, mas que entrou em crise pela sua falta de resultados em competições internacionais, tendo sua história constituída essencialmente considerando a relação criativa e criadora entre oferta e demanda.

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