Oficinas do Esporte: Jogando Para Aprender
Por Mafalda Marques (Autor).
Integra
As Oficinas do Esporte, mantidas pelo Instituto Esporte e Educação, configuram-se comoum programa de educação esportiva para crianças de 4 a 10 anos cujo principal conteúdo de aprendizagem é a brincadeira. Nas Oficinas as crianças jogam para aprender, o que demanda clareza do que, como e com qual qualidade ensinar. A Unidade Didática - UD, como uma "seqüência de aulas ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais (Zabala, 1998)", é o instrumento de gestão pedagógica utilizado pelos professores para sistematizar e planejar a sua prática. É pela UD que o professor exercita seu poder de antecipação, observação e regulação em busca de harmonizar os objetivos e as expectativas de aprendizagem com os conteúdos, a metodologia e a avaliação (Rossetto e alli, 2008). Para verificar a eficácia do planejamento pedagógico no que se refere à qualidade do ensino, realizamos uma pesquisa, cujo objetivo era avaliar, a partir da aplicação da UD, o impacto do trabalho na aprendizagem das crianças. A pesquisa foi realizada com um grupo de 15 crianças, entre 4 e 5 anos, no CEU Parque Veredas, Zona Leste de São Paulo. No período de agosto a novembro de 2008, foi desenvolvida uma UD com 17 aulas, objetivando ampliar o universo da cultura esportiva esportes e suas variações, socializando e ampliando o repertório de práticas da cultura corporal; praticar os esportes mapeados e escolhidos com as crianças, adaptando-os em função das condições da escola e das necessidades do grupo e valorizar as diferentes formas de praticar os esportes, respeitando as diferentes manifestações da cultura local, da individualidade e da forma de ser de cada um. O painel dos esportes, o diário de bordo e as rodas de conversa, enquanto instrumentos de avaliação, indicaram que as crianças ampliaram sua cultura esportiva para além dos esportes mais conhecidos. Foram tematizados nas aulas esportes como o boliche, o atletismo, o tênis e o badmington. O pátio, o parque, a sala e o ateliê foram utilizados para as práticas e ajudaram a mostrar que o esporte, na forma de brincadeira, pode ser praticado em diferentes espaços e contextos. De acordo com o princípio da diversificação foram confeccionados e utilizados materiais alternativos como bolas de meia, bolas de borracha, bolas de papel, tampinhas, cordas, garrafas, raquetes de jornal, etc. Estas, entre outras, foram as estratégias utilizadas para aproximar o esporte dos adultos à cultura infantil. Percebemos também que as rodas de conversa, a construção coletiva do painel dos esportes e a confecção do material alternativo contribuíram muito para que as crianças aprendessem a respeitar umas as outras, suas motivações e seus interesses. A partir das observações e dos registros realizados no diário de bordo, concluímos, por exemplo, que a UD pode ser um bom instrumento de gestão pedagógica, desde que se transforme num espaço de reflexão permanente. Ela não pode ser eixada de lado ou ser vista como algo rígido e prescritivo. Ela deve ser flexível e dialogar com a realidade, o que solicita do professor investir na observação e na qualificação dos seus registros. É a combinação entre o planejamento inicial e o monitoramento da prática que permite ao professor fazer as regulações necessárias para que todos possam aprender.