Olimpismo no metaverso: perspectivas para a construção de um mundo mais inclusivo
Por David Grassi (Autor).
Resumo
A atual evolução da tecnologia que já tornou possível a Internet poderá em breve tornar plenamente utilizável um universo multidimensional persistente, capaz de proporcionar aos seus utilizadores novas formas de se encontrarem, brincarem, socializarem e trabalharem. É legítimo questionar as possíveis implicações para o futuro do desporto. Como fenómeno social, o desporto permanecerá ligado à transformação que está a ocorrer e haverá razoavelmente novos caminhos tanto para os atletas como para os adeptos. A abertura à inovação que é característica do desporto e do Olimpismo dá impulso ao debate sobre como o bem interno do desporto deve ser preservado e como os objectivos da Carta Olímpica devem ser alcançados. Espera-se uma transferência, pelo menos parcial, do desporto de um contexto de sociabilidade e prática que prevê um contacto físico tradicional e, portanto, presencial, para o de um universo caracterizado pela utilização de artefactos digitais que deverão, segundo uma orientação desejável, amplificar as ligações entre indivíduos, mesmo em realidade virtual. Por outro lado, esta transformação pode desviar-se para uma experiência pós-humana alienante, com efeitos prejudiciais para os indivíduos mais fracos, porque se encontram na fase de desenvolvimento da sua identidade, em formação ou porque estão socialmente desfavorecidos. Este artigo tentará fornecer alguns elementos de reflexão no debate que se abre e sobre a oportunidade desta nova revolução digital que, através de um processo que parece imparável, já está a afectar toda a sociedade.