Resumo

O consumo de ômega-3 (ω-3) parece aumentar a síntese proteica muscular de forma indireta, tornando o músculo mais sensível à captação de aminoácidos. Entretanto, nenhum estudo avaliou a associação entre ω-3 e massa magra de acordo com a ingestão proteica. O objetivo do presente estudo foi avaliar a associação do ω-3 plasmático com o índice de massa muscular apendicular (IMMA) de acordo com a ingestão proteica. Foi realizado um estudo transversal que avaliou 1.037 indivíduos (20-59 anos) do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) do biênio de 2011-2012. O ω-3 plasmático foi avaliado por espectrometria de massa e a massa magra (total e apendicular) por absorciometria de raios-X de dupla energia (DXA). O IMMA foi calculado por meio da massa magra apendicular dividida pela altura ao quadrado. A regressão linear entre ω-3 total, ácido docosahexaenóico (DHA), ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido alfa-linolênico (ALA) plasmáticos e o IMMA foi realizada de acordo com a ingestão proteica: < 0,8 g/kg ou ≥ 0,8 g/kg. As análises foram realizadas em um modelo sem ajuste e ajustado por fatores de confusão (ingestão de proteínas, energia e álcool; tabagismo, idade, sexo, atividade física, renda familiar, estado civil, raça, escolaridade, diabetes, hipertensão, artrite e gordura corporal). Nenhuma associação foi encontrada no modelo sem ajuste. Entretanto, após ajuste para variáveis de confusão, o ω-3 total (β = 0.0029; IC = 0,0010; 0,0047, P = 0,005), ALA (β= 0,0060; IC = 0,0003; 0,0117, P = 0,041) e DHA (β = 0,0057; IC = 0,0022; 0,0093, P = 0,004) plasmáticos foram associados positivamente com o IMMA apenas nos indivíduos com baixa ingestão proteica. Em conclusão, os ácidos graxos ω-3 plasmáticos foram associados com o IMMA apenas em indivíduos com baixa ingestão de proteínas, mas não em indivíduos com o consumo proteico adequado. Estes achados sugerem que o ω-3 pode ter benefícios na massa muscular quando a ingestão de proteína é inadequada, mas nossos resultados precisam ser confirmados por ensaios clínicos randomizados