Resumo

Introdução e objectivos: Na realidade educativa portuguesa, a inactividade como característica predominante do actual estilo de vida deve ser olhada com preocupação, conhecedores como somos da sua implicação ao nível da saúde. De acordo com os dados de um estudo (Marivoet, 2001), só 23% da população portuguesa afirma praticar actividade física ou desporto, e apenas 19% o fazem de uma forma regular. Com este cenário torna-se urgente conhecer não só os níveis de prática desporti-va dos nossos alunos e alunas, como as suas percepções acerca das oportunidades para o desenvolvimento dessa prática, no sentido de cartografar as barreiras, mais ou menos explicitas, a estilos de vida mais activos. Material e métodos:A amostra foi constituída por 60 discentes (30 de cada sexo) do ensino secundário de escolas do distrito do Porto, aos quais foram realizadas entrevistas estruturadas, poste-riormente transcritas na íntegra e formatadas para serem sujeitas a uma análise no programa QSRNvivo. Foram considerados os atributos de sexo, prática desportiva e oferta desportiva (oportu-nidades segundo o sexo). Procedeu-se a uma análise quantitativa dos dados referentes às respostas dos/as inquiridos/as quanto aos atributos previamente definidos, recorrendo-se ao teste de qui quadrado, sendo o nível de significância estabelecido em p≤0.05. Para conhecimento das células que indiciavam uma rela-ção de dependência entre duas variáveis (atributos), foram anali-sados os resíduos ajustados na forma estandardizada. Principais resultados e conclusões:No contexto do presente traba-lho, entende-se por prática desportiva a federada. A análise da interacção entre a variável sexo e o atributo prática desportiva revela que existe uma relação de dependência (qui quadrado=5.509; p=0,019). Num segundo momento de análise, verifi-cou-se que essa dependência é provocada pelo menor número de praticantes do sexo feminino (37%) face ao valor encontra-do para os rapazes (63%). O comportamento das raparigasdeste estudo, que praticam menos desporto do que se poderia prever na sociedade actual, é convergente com o descrito em vários estudos e relatórios, quer nacionais, quer em outros paí-ses da União Europeia (Marivoet, 2001; Compass, 2002;EORG, 2003). A maioria dos sujeitos que constituem a amos-tra considera que a oferta desportiva é diferente para mulheres e homens (59.3%), e 27.8% dos/as inquiridos/as percepcionem oportunidades iguais. Tanto os que entendem existirem oportu-nidades diferentes, como os que percepcionam diferenças de oportunidades quando se trata do futebol (13%), vêem o sexo feminino como o que tem menos oportunidades, opiniões bemexpressas nas falas de alunos e alunas. No âmbito do presente estudo é possível concluir que (1) verificou-se uma relação de dependência entre o sexo e a prática desportiva, provocada por um número de praticantes do sexo feminino inferior ao espera-do; (2) a maioria dos inquiridos e das inquiridas tem a percep-ção de que as oportunidades de prática, oriundas da oferta extra-escolar, é diferente consoante se trata de mulheres ou homens; o sexo feminino será aquele que se ressente desta diferenças de ofertas.Palavras-chave: prática desportiva, oportunidades de prática, alunos e alunas.

Estudo no âmbito de um projecto financiado pelo Instituto de Inovação Educacional.

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