Resumo

Pesquisas recentes buscaram compreender a organização de programas esportivos em diferentes países com sucesso internacional. Esses estudos relatam a existência de pontos comuns relevantes para o desenvolvimento do esporte de alto rendimento. No entanto, pouco tem sido discutido no meio acadêmico em âmbito nacional a respeito deste tema. Esta pesquisa foi realizada em duas fases, respectivamente A e B, com os seguintes objetivos: Fase A - descrever a estrutura organizacional da maratona aquática no Brasil, com referência aos aspectos de administração do sistema esportivo e ao sistema de desenvolvimento e suporte para atletas e técnicos da maratona aquática conforme propostos por Green e Oakley (2001); Fase B - verificar a qualidade dos programas de detecção, seleção e promoção dos talentos esportivos (DSPTE) na maratona aquática no Brasil com relação à estrutura, processos e resultados. Na fase A foi realizada uma entrevista semiestruturada, junto a 2 técnicos olímpicos e 2 funcionários responsáveis pela organização da modalidade sendo um representante do nível nacional e outro do nível municipal no Brasil; na análise dos resultados foi utilizado o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) proposto por Lefèvre e Lefèvre (2003). Na fase B foi aplicado um questionário desenvolvido por Rütten, Ziemainz e Röger (2005), o qual foi traduzido e validado para a língua portuguesa, junto a 2 técnicos olímpicos, 2 funcionários responsáveis pela organização da modalidade sendo um representante do nível nacional e outro do nível municipal no Brasil e 9 atletas (3 olímpicos e 6 da seleção júnior); os dados foram analisados descritivamente através dos valores de mediana dos dados obtidos, com a utilização do programa SPSS versão 20. De acordo com os resultados verificou-se que as entidades governamentais e não governamentais possuem papel diferente entre si devido à ausência de organização centralizadora e comunicação direta entre atleta de alto rendimento e entidades no nível nacional. O sistema de desenvolvimento e suporte para atletas e técnicos da maratona aquática no Brasil acontece apesar de não existir um sistema de desenvolvimento do talento esportivo elaborado pelos órgãos no nível nacional e do COB oferecer, de modo restrito, apenas dois programas sendo um de aperfeiçoamento técnico e outro voltado para o atleta em transição da carreira esportiva para o término da carreira esportiva. Nos programas de detecção, seleção e promoção de talentos esportivos para a maratona aquática de alto rendimento no Brasil, foi verificada baixa qualidade nos Resultados da DSTE, pois esse processo é desenvolvido conjuntamente à natação permitindo a migração para a maratona aquática somente a partir dos 14 anos e alta qualidade para os Processos da PTE nos quais os atletas que alcançaram o alto rendimento esportivo são assistidos de maneira diferenciada. Diante da inexistência de um sistema esportivo nacional para esta finalidade, sugere-se que seja verificada a estrutura organizacional da maratona aquática em outros países com sucesso internacional para que, a exemplo das pesquisas comparativas sobre o sistema esportivo de outras nações, seja possível identificar semelhanças para diminuir os aspectos negativos e se manter entre as maiores potências esportivas

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