Organização Temporal da Braçada do Nado Crawl: Iniciantes Versus Avançados
Por Andrea M. Freudenheim (Autor), Luciano Basso (Autor), Ernani Xavier Filho (Autor), Fabrício Madureira (Autor), Caio Graco Simoni da Silva (Autor), Edison de Jesus Manoel (Autor).
Em Revista Brasileira de Ciência & Movimento v. 13, n 2, 2005. Da página 75 a 84
Resumo
A aquisição de habilidades motoras envolve estabilização e adaptação de estruturas cognitivas que representam ações motoras. Um dos indicadores desse processo refere-se à estabilização gradual da organização temporal dos movimentos que constituem uma ação. O presente estudo buscou investigar a organização temporal da braçada do nado crawl de crianças avançadas e iniciantes. A hipótese central foi que os indivíduos avançados permaneceriam relativamente mais tempo na fase propulsiva da braçada e que apresentariam um timing relativo mais consistente em comparação com indivíduos iniciantes. Para isso, foram analisados os aspectos temporais das braçadas de cinco crianças no nível inicial (GI) e seis no nível avançado (GA). A tarefa foi nadar dez metros no estilo crawl em velocidade confortável. A análise inferencial foi realizada com base no teste nãoparamétrico de U de Mann-Whitney com o nível de significância igual o menor que 0,05. A predição do estudo foi parcialmente confirmada já que, em relação ao braço direito, as crianças avançadas permaneceram relativamente mais tempo na fase propulsiva e apresentaram um timing relativo mais consistente do que as do GI. Portanto, a organização temporal do nadar é distinta entre indivíduos em níveis de habilidade diferentes. Não houve diferença na variabilidade dos ciclos das braçadas entre os grupos. Esses resultados permitiram inferir que o GA é caracterizado por consistência aliada à variabilidade. A possibilidade de que a aquisição do nadar apresenta uma organização temporal estável em que se alia consistência e variabilidade merece atenção em novas investigações. PALAVRAS-CHAVE: nadar, habilidade motora, aprendizagem motora, timing relativo